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A Mensagem do Salmo 23

O presente artigo foi elaborado com o propósito de descobrir a relavância do Salmo 23 para os nossos dias. O método de estudo empregado é a interpretação literal-histórico-gramatical; ou seja, tentamos, na medida do possível, entender o sentido exato daquilo que Deus quis comunicar. Depois procuramos aplicar, na vida do cristão moderno, os princípios encontrados no Salmo 23.

A mensagem deste salmo é:

O cuidado do Senhor para com o salmista leva-o a desfrutar de uma plena segurança e intimidade com Deus.

O salmo 23 é parte de um conjunto de livros que somam um total de cinco, eles são denominados de “saltérios”. A anotação “ledãwîd (pertence a Davi)” encontrada no seu início, define claramente seu autor. É notável o fato de que um salmo escrito a quase três mil anos seja ainda hoje compreensível. Ele soa tão novo que parece ter sido escrito em nossa época.

1. O cuidado do Senhor para com o salmista leva-o a desfrutar de uma plena segurança (vv. 1-4).

O salmo se inicia com o salmista chamando Deus de o seu pastor. Ao chamá-Lo assim Davi O traz para a esfera existencial do homem. Para o seu dia a dia. O homem é comparado com a ovelha; como ela, ele não tem discernimento do perigo. Não sabemos nos defender e isso gera insegurança. O bem estar de um rebanho depende do tipo de pastor que ele tem, se ele não tiver amor pelas ovelhas elas serão mal cuidadas, doentes, e consequentemente entregues à própria sorte. Porém, as ovelhas do pastor amoroso são bem cuidadas, ele busca o melhor para elas e todo este cuidado cria nelas um sentimento de segurança inigualável.

A primeira vez que Deus é chamado de pastor é em Gênesis 49:24, ele é o “Pastor de Israel”. Também no Salmo 81 Ele é chamado de “Pastor de Israel”. Porém, no Salmo 23 Davi o chama de “o meu pastor”. O uso do pronome possessivo meu nos transmite a idéia de intimidade, de uma comunhão informal. “O Senhor é o meu pastor” e a conseqüência disto é a profunda segurança de que “nada me faltará”.

a. O cuidado do Senhor para com o salmista supre todas as suas necessidades (vv. 1,2).

Davi está seguro quanto as suas necessidades, ele sabe que elas serão sempre supridas. O Pastor jamais faltará com a sua responsabilidade de providenciar tudo, inclusive o descanso. É interessante notar que as ovelhas só descansam depois de satisfeitas algumas condições. Elas tem que se sentir seguras, sem temores, tensão, irritação ou fome. Cabe ao pastor providenciar um lugar apropriado que dê ao rebanho estas condições. Davi estava confiante de que o Senhor proveria um local apropriado para o seu descanso.

b. O cuidado do Senhor para com o salmista lhe traz restauração (v. 3a).

Existem ovelhas que freqüentemente se distanciam do rebanho, as vezes a procura de um bocado de capim suculento, outras vezes por pura distração. Ocorrendo isto ela se torna vulnerável, pode ocorrer um ataque por parte de um predador ou até mesmo um acidente grave e o pastor não estará por perto para socorrê-la; ele estará com o “grosso” do rebanho. Um pastor atento freqüentemente conta seu rebanho, logo que dá pela falta de alguma ovelha, ele sai a procurá-la, e as vezes ele a encontra ferida e assustada. Então ela a pega com carinho e a tranqüiliza com voz suave enquanto cuida dos seus ferimentos. Assim aquela ovelha que fatalmente morreria em decorrência dos ferimentos ou pela ação de predadores, tem a vida restaurada pelo zeloso pastor.

Davi sabia muito bem o significado da frase “refrigera-me a alma”, ele tal qual a ovelha desgarrada passara por situações adversas e o Senhor sempre lhe concedera restauração, tanto na esfera material quanto na espiritual.

c. O cuidado do Senhor para com o salmista lhe traz orientação (v. 3b).

As ovelhas são míopes, não conseguem enxergar mais de oito metros à frente. E ao contrário dos outros animais elas não tem o menor senso de direção.

Os pastores da Palestina conduzem os rebanhos para as pastagens através de trilhas. Algumas destas trilhas conduzem a precipícios, outras a becos sem saída. Só o pastor conhece aquelas que conduzem aos bons pastos; cabe a ele conduzí-las na trilha certa. A ovelha que resolve escolher o seu próprio caminho corre um grande risco de se envolver em situações perigosas.

Davi sentiu a direção de Deus quando fugia de Saul que o perseguia incansavelmente. Deus nunca o conduziu a um precipício ou a um beco sem saída, a Sua orientação sempre o levou por caminhos seguros.

d. O cuidado do Senhor para com o salmista o faz confiante (v. 4).

“Alguém já falou do vale da sombra da morte, um vale que existe na palestina, e vai de Jerusalém ao Mar Morto. É uma trilha estreita e perigosa que corta as montanhas. Sendo um caminho árduo é muito fácil uma ovelha precipitar-se ribanceira abaixo”. (1)

“Tu neste ponto de perigo toma o lugar de ‘ele’, pois o pastor já não está adiantado, para guiar, mas ao lado para escoltar. Em tempos de perigo o companheirismo é bom; e Ele está armado”. (2)

A presença do pastor é suficiente para afastar o medo. Munido com sua vara e seu cajado ele está pronto para guiá-las e defendê-las. Com a vara, um bastão de madeira, manterá longe os inimigos, com o cajado, um pedaço longo de madeira com a extremidade superior arqueada, ele as guiará pelo caminho. O cajado é usado também para a correção e disciplina; e por incrível que pareça a correção serve de consolo para a ovelha.

Davi conhecia a proteção de Deus, porém, o Pastor divino também corrigia quando necessário. Ele estava ciente que a correção era necessária para evitar que a ovelha rebelde se desviasse do caminho seguro e se precipitasse no abismo ao encontro da morte.

2. O cuidado do Senhor para com o Salmista leva-o a desfrutar de uma plena intimidade com o seu Deus (vv. 5,6).

A figura do pastor e da ovelha já serviram ao seu propósito. A imagem de uma ovelha sentada à mesa não parece muito provável. Portanto, entendemos que a partir deste ponto o salmista passa a usar outra metáfora, a do anfitrião e o hóspede.

a. O cuidado do Senhor para com o salmista concede a este todas as honras que o anfitrião dá ao seu hóspede (v. 5).

As Escrituras Sagradas mostram que a hospitalidade era levada muito a sério no Oriente Médio antigo. Quando um anfitrião recebia um hospede ele se tornava responsável por ele; a hospitalidade incluía proteção até mesmo contra os inimigos. “No mundo do Antigo Testamento, comer e beber na mesa de alguém criava um vinculo de lealdade mútua, podendo ser sinal culminante de uma aliança”. (3) Ló quando recebeu em sua casa os dois hóspedes colocou o seu dever de anfitrião acima do de pai. Quando viu ameaçada a segurança deles, preferiu entregar as suas duas filhas que eram virgens para sofrerem abuso de natureza sexual no lugar deles. O melhor da casa era destinado ao hóspede, para ele não faltaria nada, realmente o seu cálice transbordava.

O Senhor já havia ungido Davi para uma tarefa toda especial, a de ser rei de Israel. Tirou-o da obscuridade para fazer dele um rei poderoso. Davi sabia por experiência própria que seu Hospedeiro-aliado lhe destinava o melhor, não só em provisões mas também em honras.

b. O cuidado do Senhor para com o salmista concede a este livre acesso a Sua presença (v. 6).

“Ser hóspede de Deus é mais do que ser um mero conhecido convidado para o dia. É conviver com Ele” (4). É andar em permanente sintonia com ele.

“Bondade e misericórdia me seguirão”. Segundo Morris “a palavra seguir é muito forte; significa ‘caçar’ ” (5). O salmista estava acostumado a ser a caça, ele, melhor do que ninguém, sabia o que era ser perseguido, afinal Saul gastou boa parte do seu tempo a caçá-lo. Só que agora no lugar de inimigos ele teria como caçadores a misericórdia e a bondade do Senhor. Mesmo que o salmista quisesse fugir não poderia, pois o Pastor divino jamais permitiria a fuga. Ele o persegue com a Sua bondade e misericórdia por todos os dias da sua vida. Deus não se cansa de nós.

Concluamos tirando algumas aplicações para nós como cristãos. As duas metáforas usadas por Davi são uma excelente ilustração do seu relacionamento com Deus. Infelizmente a grande maioria dos cristãos não se apropriam das verdades contidas neste pequeno e poderoso salmo.

Temos visto no nosso meio irmãos preocupados com o amanhã, preocupados em garantir o futuro. Se fatigam por esta causa quando seria melhor deixar isto aos cuidados do Pastor Divino. Ele já providenciou tudo o que nós necessitamos e continuará a cuidar de cada um de nós. O que mais nos entristece é ver alguns irmãos que usam até mesmo de mentiras e trambiques para atingirem um melhor nível financeiro, alcançar mais status, manter seus empregos etc. Alem de não confiarem em Deus dão um péssimo testemunho para os incrédulos.

Como Pastor o Senhor dá também descanso e refrigério. Ele providencia a hora e o local apropriados para o descanso dos seus filhos. Muitas vezes ouvimos perguntas como estas: e se eu perder o meu emprego, o que farei? Como posso descobrir a vontade de Deus para minha vida? E outras tantas. A resposta está nos versículo 3b. O Pastor guia pelo caminho certo, não adianta querer ficar sabendo o futuro. O Pastor nos levará pelo melhor caminho e isto por amor do próprio Seu nome. Ele não quer que os homens O acusem de displicente, de mau Pastor.

Neste exato momento existem crentes passando por várias dificuldades. A primeira reação de alguns é o medo, é a vontade de fugir da luta, de desanimar. São os vales pelos quais temos que passar. Foi a isto que o salmista se referiu ao dizer: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo…”. A presença do Pastor deve ser a nossa segurança de que podemos passar pelos momentos difíceis que se nos apresentam.

Ele também usa a metáfora do hospedeiro e do hóspede, transmitindo a idéia de comunhão íntima. Muitos irmãos estão sem uma comunhão íntima com o Senhor. E esta comunhão pode ser obtida através da leitura da Bíblia e pela oração. Se todos dedicassem diariamente um período de tempo ao estudo da Palavra e para a oração, haveria maior contato com o Senhor e maior conhecimento dEle. São exatamente o contato e o conhecimento que geram a intimidade.

Desde a minha infância tenho conhecimento deste salmo, porém nunca havia meditado profundamente das verdades contidas nele. Depois que o fiz, descobri que o meu Deus, o Deus da Bíblia, se preocupa comigo e cuida de mim infinitamente melhor do que eu pensava. Como o salmista posso dizer que o Senhor é o meu Pastor e por isso nada me faltará.

Notas:

  1. Charles L. Allen. A Psiquiatria de Deus. p. 29
  2. Derek Kidner. Salmos 1-72, Introdução e Comentário. p. 130
  3. Ibid., p. 131
  4. Kidner, Loc. cit.
  5. Henry M. Morris. Amostra de Salmos. p. 106.

Jabesmar A. Guimarães

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