Fui criado em um lar cristão evangélico, mas por vota dos 19 anos abandonei definitivamente o convívio com a igreja local. Depois de 7 anos de busca por significado para a vida estava profundamente enredado por vícios em desespero existencial e espiritual. Minha filosofia existencial estava me levando para um buraco negro. No fim dos sete anos meu raciocínio era o seguinte: “Na igreja não encontrei significado e no mundo que me parecia tão atraente e belo só há desesperança; o que antes era tão atrativo se mostra escravidão, morte e falência espiritual; o que fazer, onde ir agora?” Cheguei a pensar que a saída era a morte, mas a incerteza quanto ao outro lado me segurou.
Então comecei a orar pedindo a Deus que, se Ele fosse real, não me deixasse morrer no estado de dúvidas atrozes no qual me encontrava. O medo de morrer me atormentava. Apesar de toda dor e sofrimento que meus questionamentos provocavam, cada vez mais me afundava mais no cigarro, no álcool e nas drogas.
No dia 14 de abril de 1985 (na madrugada do domingo – por volta das 2:00), chegando de mais um fim de semana de embriagues, despertei minha irmã Ilca que, com paciência, me falou do poder e amor do Senhor Jesus que podia mudar minha situação.
Então argumentei que por várias vezes já havia tentado abandonar os vícios abandonar os vícios e voltar para a igreja e que não adiantaria nada “aceitar” Jesus, pois sabia que ao despertar voltaria ao mesmo ciclo vicioso no qual me encontrava. Afinal das outras vezes tinha sido assim. Ela me disse que era isso mesmo que o diabo queria que eu fizesse, ficasse tentando e tentando sem jamais conseguir, pois o fazia na minha própria força. Assim viria a frustração, e a desesperança continuaria me levando para mais longe de Deus. Foi quando me disse que se eu quisesse e permitisse Jesus podia me tirar desta situação.
Diante desta afirmativa pensei: será isto possível? Então falei: “Já Freqüentei a Casa de Oração durante tanto tempo, cantei no coral, distribui folhetos etc e etc.” A seguir ela citou um versículo que abriu o meu entendimento espiritual de tal forma que aquilo que me parecia turvo e complicado ficou claro como a pura luz: “Tendo Jesus ouvido isto, respondeu-lhes: Os sãos não precisam de médico, e, sim os doentes; não vim chamar justos, e, sim, pecadores” (Mc 2:17).
Eu queria ficar são para depois ir para a igreja. Estava duplamente errado:
Então me entreguei a Cristo do jeito que me encontrava: altamente embriagado, cheirando a álcool e sentindo a minha total falência espiritual. Fui, então, inundado de uma profunda paz! Fui dormir sem medo da morte e sentindo a doce presença do Senhor na minha vida. Jamais experimentara algo igual! Jesus me aceitou do jeito que me encontrava. Aleluia!
Entre os fatos marcantes da minha conversão gostaria de citar dois: um foi acordar no outro dia e, mesmo diante da acusação do inimigo que aquilo teria sido mais uma presepada de bêbado, mais uma tentativa frustrada, pude sentir a presença do Senhor e a confirmação de que agora eu pertencia a Ele. A outra foi ao levantar e, mediante a impossibilidade de ir à Casa de Oração, pegar os discos do Grupo Elo e Vencedores por Cristo que ao ouvir poder ser edificado pela maioria das letras. Porém uma que me marcou foi a música Um Dia do disco do Jairinho (falecido a exatos 4 anos antes, o que no momento ainda não sabia). Aquela letra falou profundamente ao meu coração, pois, praticamente, expressava a minha situação passada e presente. Foi uma manhã maravilhosa!
Jabesmar A. Guimarães