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Escândalo para os Judeus…

I Coríntios 1:23

Dentre as muitas acusações levantadas contra o cristianismo, está a de que a pessoa do seu fundador, Jesus Cristo, não passa de invenção da mente impressionada dos seus discípulos. Dizem que a Sua figura foi exaltada além da conta para agradar àqueles que viessem a ter contato com Sua história narrada nas páginas das Escrituras.

Muitos crêem que a figura de Jesus foi ricamente adornada com todo o esplendor e glória imagináveis; que uma linda Coroa tenha sido preparada para Sua cabeça de modo a exaltá-Lo acima do que realmente Ele foi. GOETHE usa a seguinte expressão para ilustrar o suposto procedimento dos discípulos: “Arrancar as penas de todos os pássaros e dá-las a uma única Ave do Paraíso.” Tal Corrente de pensamento afirma que os cristãos do primeiro século ocultaram tudo o que era desagradável em Jesus para, então, torná-Lo em alguém altamente querido e admirado pelos homens.

Rosseau, falando acerca da história da vida de Jesus afirmou: “O homem que inventou-a deve ser maior e mais extraordinário que o seu herói.” O que ele quis dizer é que o retrato de Jesus está acima dos conceitos e invenções humanas, é grande, puro e perfeito demais para ter sido concebido por qualquer cérebro humano. Quando estamos diante do Jesus pintado nos Evangelhos sentimos que Ele não é terreno e que Sua figura não foi feita por mãos e mentes humanas.

Quando lemos os ensinos de Jesus, nossas mentes podem até aprovar os ensinos acerca da fé. Frases como as que se refere à imagem de Deus que o homem tem em si, ou da paternidade de Deus, deleitam nosso entendimento. Não temos nada contra estas idéias pois nos são agradáveis. Não existe entre o povo brasileiro aquele ditado que diz: “Eu também sou filho de Deus”? Porém, ao tomarmos contato com o Seu ensino ético, vemos que ele se opõe diretamente ao nosso desejo, isto é, a nossa pecaminosidade. Até hoje este ensino parece estranho e sem gosto ao homem natural que há dentro de nós. Ele ofende, e isso mostra e legitima a sua origem, pois é de cima.

“A questão é que Jesus não foi transfigurado pela mão do homem, e sim que a comunidade do primeiro século ficou chocada diante da história da Sua vida, mesmo quando ela lhe era desagradável”.

Ao tratarmos deste assunto, estamos apenas seguindo um pensamento que se encontra na Bíblia. “Escândalo para os judeus, loucura para os gentios” é o testemunho que Paulo dá acerca de Jesus crucificado. O próprio Mestre diz: “Bem aventurado aquele que não achar em mim motivo de tropeço” (Mt 11:6; Lc 7:23). Assim é expressa a expectativa de que as pessoas se escandalizariam com Ele, que para o mundo ele seria uma ofensa.

EM QUE SENTIDO JESUS FOI ESCÂNDALO PARA OS JUDEUS?

A vinda de Jesus entre os judeus não foi inesperada. Nenhum povo esperou tanto por alguém como os judeus esperavam a chegada do Messias prometido. O olhos de Israel estavam fixamente dirigidos para o futuro esperando o libertador, o Messias. João Batista pergunta: “És tu aquele que estava para vir, ou haveremos de esperar outro?” (Mt 11:3). Até mesmo a mulher samaritana declara: “Eu sei que há de vir o Messias” (Jo 4:25). Irmão se alegra com irmão: “achamos o Messias” (Jo 1:41). Até mesmo os fariseus estão abertos ao assunto: “Que pensais vós do Cristo, de quem é filho?” (Mt 22:42). Homens notáveis do povo reconhecem: “Quando vier o Cristo, fará, porventura, maiores sinais que este homem tem feito?” “Outros diziam: Este é o Cristo; mas outros replicavam: Vem, pois, o Cristo da Galiléia?” (Jo 7:31,41). Apesar disto eles o rejeitaram. No cômputo geral, Jesus decepcionou a esperança messiânica de Israel. Apesar de Jesus ter reivindicado o título messiânico, se tornou uma ofensa para o seu povo que por fim clamou com fúria: “Crucifica-o! Crucifica-o!

Jesus decepcionou seu povo de duas maneiras: ELE ERA GRANDE DEMAIS E HUMILDE DEMAIS para adequar-se às idéias de Israel. De que forma Jesus foi grande demais para os judeus? Que reivindicação de grandeza Ele fez ao ponto de tornar-se numa pedra de torpeço para o seu povo? Vejamos:

Todo judeu, desde a mais tenra idade, estava acostumado a recitar o Shema, ou seja, a frase bíblica: “Ouve ó Israel, o Senhor nosso Deus é o único Deus” (Dt 6:4).

  • Jesus afirmou que Deus era Seu Pai, fazendo-se igual a Deus (Jo 5:18);
  • Eu e o pai somos um; quem vê a mim vê o Pai (Jo 10:30; 14:9);
  • De um só fôlego Ele falou de si mesmo e de Deus, falando dos homens como Sua habitação (Jo 14:23);
  • “Aqui está quem é maior que o templo” (Mt 12:6). O templo era o orgulho nacional dos judeus, ele lhes era sagrado.

DIANTE DISSO ELES EXCLAMAVAM:

  • “sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (Jo 10:33);
  • “Quem pode perdoar pecados senão um só que é Deus?” (Mc 2:7)
  • “Este blasfema” (Mt 9:30);
  • “És tu, porventura, maior que nosso pai Jacó” (Jo 4:12)
  • “És maior que nosso pai Abrão?” (Jo 8:53);
  • “Quem pretendes tu ser?” (Jo 8:53).

Porém, como já foi dito, Jesus não somente era grande demais; também era humano demais para ser o Mesias dos Judeus. Apesar de se declarar Deus, Ele se curvava incompreensivelmente diante dos homens, escolhendo o seviço a eles como o seu tema. As palavras MESSIAS e REI significavam a mesma coisa para os judeus. Esperava que o Messias quebrasse o jugo estrangeiro, tirando o povo de sob o domínio romano; livrando-o da servidão (Lc 1:71,74; 2:38; 19:11; Mt 20:21).

ONDE ESTAVA, ENTÃO, O GLORIOSO REI DOS REIS?

  • Sem casa;
  • Sem posses;
  • Vivendo como um servo (escravo);
  • Nem mesmo tinha onde dormir (reclinar a cabeça);
  • Cresceu na pobreza da oficina de um carpinteiro;
  • Até mesmo sua cidade foi desprezada. “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (Jo 1:46).

Onde estava neste Jesus o glorioso Messias que, segundo se esperava, redimiria a Israel e reinaria para sempre? Para a carne e sangue de Israel, Jesus não era o Messias, pelo contrário, era uma pessoa que causava escândalo. Portanto, nenhum judeu que desejasse enfeitar seu Messias de maneira poética, jamais teria deixado transparecer estes aspectos de Jesus. Agora analisaremos a segunda parte da afirmação de Paulo.

EM QUE SENTIDO JESUS FOI LOUCURA PARA OS GENTIOS?

Se os judeus não “enfeitaram” a pessoa de Jesus Cristo, muito menos os cristãos gentios o fizeram. Referindo-se ao mundo não judeu Paulo afirma: “Os gregos buscam sabedoria” (ICor1:22). A idéia do homem de sabedoria era o ideal da filosofia daquela época. Havia até alguns conceitos sobre como deveria se comportar alguém que seria tido por “grande”.

  • Aristóteles: O homem de mentalidade elevada “sendo digno de grandes coisas, considera-se semelhantemente digno de grandes coisas. Segue orgulhosa e calmamente o seu caminho”.
  • Farizeus: Ser sempre o primeiro.
  • Homero: “Uma vida de honra ou morte Coroada pela fama é a ambição de todo homem nobre”.

Contudo, Jesus, na ultima noite serviu aos seus discípulos como um escravo (Lc 22:27), indo tão longe ao desempenhar este papel, a ponto de cingir-se com um toalha e lavar os pés deles (Jo 13:4s). Essa era a atribuição de um serviçal, a obrigação de um escravo e não de um homem sábio ou grande.

  • Aristóteles: “O homem de mentalidade elevada desdenha a honra que lhe é atribuída pela populaça em ocasiões sem importância, pois está acima dela”;
  • Fariseus: “Quanto a esta plebe que nada sabe da Lei é maldita” (Jo 7:49).
  • Horácio: “Odeio a populaça e a conservo longe de mim”;

Mas Jesus não desdenhou do grito de hosana das crianças no Templo. Seu Cor ação se voltou para o povo humilde e sem cultura; a populaça, a plebe. Teve como um dos seus maiores feitos o fato de que o Evangel;ho foi pregado aos pobres (Mt 11:45). Mas além de se relacionar com o povo, com a ralé, Ele associou-se com traidores e pecadores conhecidos do seu povo.

  • Dirigiu-se ao traidor Zaqueu pedindo-lhe hospitalidade.
  • Manteve conversa com uma mulher, que além de ser mulher era samaritana!
  • Aceitou a unção de uma reles prostituta.
  • Foi acusado de comer com os pecadores.

Na cultura oriental a maior manifestação de amizade era compartilhar da mesma mesa, como Ele fez, e comer do mesmo prato. Tanto os judeus como os gregos achavam uma falta de bom senso um homem “sábio” perder seu tempo com mulheres e homens deste tipo.

Muita coisa ainda poderia ser dito acerca da expectativa judia e grega acerca de um homem sábio, de um grande homem. Também o mundo gentio não produziria a imagem de Jesus, pois, que ela não casava com a sua visão de alguém de mente elevada. Pelo contrário, Jesus também era figura inadequada para o mundo gentio daquela época. Na sua mentalidade um homem que chorava em público não era digno de honra, pois se mostrava um fraco.

Para nós que vivemos neste final do segundo milênio e início do terceiro estas idéias podem parecer um tanto quanto estranhas. Isto se deve ao fato que, com o passar dos anos, o cristianismo tornou-se numa religião comum a nossa época. Nos acostumamos com a história de Jesus e o que é ensinado sobre Ele. Na verdade o que aconteceu é que ajustamos o cristianismo à nossa maneira de pensar, fazendo dele algo semelhante a uma roupa confortável que vestimos sem mesmo pensar, pois estamos acostumados a ela. No entanto, se pararmos para pensar veremos como o nosso comportamento e idéias estão em franco confronto com o comportamento e ensino do criador do cristianismo, o Senhor Jesus Cristo. Vejamos apenas alguns aspectos nos quais rotineiramente andamos em desacordo com o ensino de Jesus de Nazaré. Ele nos ensina a:

  • Perdoar os inimigos e aqueles que nos ferem;
  • Amar os inimigos;
  • Orar pelos que nos perseguem;
  • Andar a segunda milha;
  • Oferecer o outro lado do rosto para ser ferido;
  • Não revidar, não dar o troo das ofensas recebidas;
  • Não buscar os lugares de honra, os primeiros lugares;
  • Servir aos outros em lugar de ser servidos;
  • Que melhor é dar que receber.

A verdade é que mesmo após quase dois mil anos, nossas mentes e Corações parecem incapazes de entendê-Lo em Sua totalidade. QUEM É ESSE HOMEM?! A resposta vem do próprio Senhor Jesus: “SOU DE CIMA!”.

Alguém que quisesse pintar um herói o pintaria com estas Cores? Mostrando o seu lado desagradável à natureza humana caída? Certamente que não! Os heróis criados pelos homens sempre ostentam qualidades que agradam a natureza humana. As quais são: força, orgulho, domínio sobre os outros, valentia etc.. O Senhor Jesus não é fruto da criatividade humana, Ele realmente existiu e agiu conforme narrado no Novo Testamento.

Mas o fato que o torna sublime e imortal é um só: Ele realmente é o Filho de Deus, Ele é Deus. Somente Deus poderia agir como Ele. Quando em meio aos homens pecadores e imperfeitos Ele se portou com perfeição, pois não era deste mundo. Era de cima. Ele é o próprio Deus que se fez homem para morrer pelos nossos pecados e nos dar a vida eterna, a salvação!

Não se iluda. Expectativas erradas geram atitudes erradas. Judeus e gentios queriam um Cristo segundo o seu ideal de homem sábio, por isso o rejeitaram. Isso deve levar-nos a refletir sobre o tipo de Jesus que estamos seguindo. O que temos esperado de Jesus Cristo? Qual tem sido a nossa expectativa acerca do Senhor Jesus? Temos seguido o Jesus da Bíblia ou um Cristo à nossa imagem e semelhança? Muitos seguem o “Jesus” empresário, o “Jesus” agente matrimonial, o “Jesus” milagreiro, o “Jesus” da prosperidade e por ai vai… Meu prezado, é hora de parar e refletir seriamente sobre este assunto. Qual é o seu Jesus? Espero que seja o Jesus bíblico, o Deus que se fez carne e habitou entre nós.

Jesus não veio ao mundo para fazer figura agradável aos ideais humanos. Ele veio porque você e eu precisamos desesperadamente da Sua Salvação, porque sem Ele estamos irremediavelmente perdidos e condenados ao fogo eterno. Mentem aqueles que apelam aos homens dizendo que dêem uma chance para Jesus. Dizem eles quase a implorar: “Dê uma chance a Jesus, Ele só precisa de uma chance para te salvar”. Porém a Bíblia diz que você é quem precisa de Jesus, você é que tem que recebê-lo como o seu Salvador pessoal. Não amado, Jesus não precisa de você. Ele o ama muito, ama ao ponto de ter dado a vida morrendo em seu lugar, pelos seus pecados; mas você é quem precisa dele desesperadamente. Sem Ele você está perdido eternamente.

Que neste início do terceiro milênio possamos refletir acerca da pessoa de Jesus Cristo revelada nas Escrituras Sagradas. E que ao fazermos isso possamos buscar o Cristo dos Evangelhos, o Deus-Homem que veio até nós, nascendo, morrendo e ressuscitando para justificar a todo aquele que o receber como Salvador.

Acima de tudo, porém, regozijemo-nos com o seu nascimento, pois quando Ele nasceu a morte começou a morrer!

Amém!

(Fonte: Adaptado de um capítulo do livro “O Jesus Histórico”)

Jabesmar A. Guimarães

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