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UNIDADE DA FÉ – Uma breve análise de Efésios 4:1-16

UNIDADE DA FÉ – Uma breve análise de Efésios 4:1-16

Bonus: Exposição sobre os falsos mestres

Jabesmar A. Guimarães

 “A exortação básica de Paulo é que a vida de um cristão deve ser coerente com a posição que ele recebeu em Jesus” (COP).

Este caminhar comunitário deve respeitar a unidade do corpo por meio de uma atitude humilde e com um comportamento que demonstre altruísmo para com os outros. A base pra esta unidade é a natureza do Deus Trino (Ef 4:1-6) e deve levar em conta a diversidade existente no corpo de Cristo na qual a união deve se expressar.

Veremos que o apóstolo quer incentivar a igreja a beneficiar-se desta diversidade (4:7-16), tendo em vista que cada cristão foi capacitado para servir (4:7-10) e visto que a Igreja recebeu indivíduos com dons para desenvolver (katartizo, “aperfeiçoar”) os santos em direção a maturidade espiritual (a[ndra tevleion, andra teleion, “varão perfeito”) em seu serviço, na sua união, na sua estabilidade e seu crescimento espiritual (4:11-16).

 Nos capítulos anteriores Paulo já lhes havia mostrado que Deus tem um grande propósito para a Sua Igreja e também orou para que os crentes de Éfeso pudessem conhecer o maravilhoso plano do Seu amor, do Seu poder e todas as bênçãos espirituais que Deus oferece.

Nesta seção iniciada no capítulo 4, Paulo, que na seção anterior havia falado dos privilégios dos crentes, agora passa a falar das exigências para eles.

 A doxologia de 3:20,21 marca o fim da primeira parte da epistola a qual é predominantemente doutrinária e agora Paulo começa a mostrar detalhes práticos de como devemos glorificar a Deus na Sua Igreja.

 “Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Ef 3:20,21)

Efésios 4:1-16

 Prisioneiro

Paulo menciona sua atual condição que era a de prisioneiro, situação esta causada pela sua dedicação a obra para a qual Deus o havia chamado. Em 3:1 ele já havia mencionado isto ao declarar: “Por esta causa eu, Paulo, sou prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios.”  Ele era apóstolo aos gentios e, como resultado de ter pregado que os gentios convertidos a Cristo também faziam parte do povo de Deus, ele havia sido preso (At 21:17-34; 22:21-24; 26:12-23). É fato conhecido que a vida de Paulo era determinada pelo seu chamado apostólico. Era o seu chamado que orientava o seu serviço.

No plano físico sua prisão foi o resultado da articulação dos líderes judeus junto as autoridades romanas. Ele está preso em uma cadeia em Roma e, enquanto escrevia, provavelmente podia até ouvir o som das correntes de suas algemas. Porém, no plano espiritual Paulo se considera um prisioneiro do Senhor Jesus Cristo. Em outras passagens ele diz a mesma coisa: é prisioneiro, não dos romanos, mas de Cristo Jesus (Fm 1,9). Na verdade Paulo se considera um escravo de Cristo e, como tal, totalmente submisso a Sua soberana vontade.

 Agora o apóstolo passa a falar da qualidade e do tipo de vida que cada um dos crentes devia viver tanto individualmente como no contexto da comunhão na igreja.

 Rogo a vocês – é mais do que simplesmente pedir

  1. Que andem de modo digno da vocação a que foram chamados.

O verbo chave é andar (peripateo).

Em Efésios 2:2,3 Paulo diz que eles haviam andado em conformidade com o padrão mundano e a vontade de Satanás. E por isto eles eram levados a seguir as inclinações da sua natureza carnal, sendo, portanto, filhos da ira.

Agora como filhos de Deus e posicionalmente assentados junto a Cristo nas regiões celestiais (Ef 2:6), eles devem se comportar, proceder em conformidade com os padrões daquele a quem agora pertencem, seguem e servem.

Devemos lembrar sempre que nosso viver diário de duas uma: ou vai honrar ou vai desonrar o nome e pessoa do nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, devemos ter um procedimento condizente com o nosso chamado, com a nossa vocação em Cristo.

  1. No versículo dois o apóstolo cita quatro virtudes que ajudam a caminhar bem naquilo a que fomos chamados.
  2. A) Humildade. A palavra grega étapeinophrosine e ela aparece também em: At 20:19; Ef 4:2; Fp 2:3;Cl 2:18-23; 3:12; 1 Pe 5:5

            Para os gregos a humildade não era uma virtude. Para eles e outros povos daquela época, uma vida plena, bem sucedida não incluía a humildade. Humildade era tida como um sinal de fraqueza. Mas em Cristo a humildade passa a ter um bom sentido e passa a ser uma virtude. Ele viveu, serviu e se sacrificou sem se importar quanto ao que os outros achavam. Ou seja, não se importando quanto ao que tipo de imagem as pessoas tinham dele.

            De fato a humildade não deveria faltar no caráter do cristão, pois ele é chamado a seguir os passos, o exemplo de Jesus (1 Pe 2:21; At 20:19). Um professor de grego me ensinou que a nossa palavra tapete vem da palavra grega para designar a humildade que á a palavra tapeinos.

  1. B) Mansidão (prautes) – Gentileza, cortesia, consideração, amabilidade. Esta palavra é usada em Tiago 1:21 indicando a atitude que devemos ter para com a Palavra de Deus. Ela deve ser acolhida, recebida (RC), aceita (NVI) com mansidão. A maior parte do uso desta palavra no NT refere-se a nossa atitude para com os outros (1 Co 4:21; 2 Tm 2:25; Tt 3:2 “cortesia”).

 Esta palavra está ligada a entrega dos nossos direitos. Uma pessoa mansa não vive reivindicando seus direitos e, portanto, não briga por causa deles. Mansidão é usada em Números 12:3 com referência a atitude, porque não dizer, ao caráter de Moisés. Notamos então que mansidão não tem nada que ver com “moleza”, passividade ou inatividade, pois Moisés era muito ativo e, de certa forma, positivo no seu agir. Contudo, ele já havia entregado os direitos que tinha como neto do Faraó (Hb 11:24,25) e como líder do povo Hebreu não vivia reivindicando seus direitos, antes os entregava ao controle de Deus.

  1. C) Longanimidade.makrothumia – longanimidade, perseverança.

Às vezes, como em Tiago 5:10, a palavra indica uma firme paciência no sofrimento. Mas ela é usada com mais frequência para indicar o não apressar-se para vingar-se ou a partir para a desforra.

Esta palavra é usada para a paciência de Deus para conosco (Rm 2:4; 9:22; 1 Tm 1:16; 1 Pe 3:20; 2 Pe 3:15). Somos chamados a imitar a Deus e por isso somos exortados a praticar a longanimidade para com os outros (1 Co 13:4; Gl 5:22,23Cl 3:12; 2 Tm 4:2).

  1. D) Suportar. anechomai – 1) Levantar; 2) manter-se ereto, 3) Sustentar, carregar, suportar.

Um professor de Bíblia me ensinou esta frase deve ser entendida no sentido de que devemos servir de suporte para o nosso irmão nas suas fraquezas ou dificuldades. Isto só é possível ser feito em amor (ágape).

 v.3 Esforçando diligentemente. spoudazo, fazer todo o esforço possível para. Esta mesma palavra é usada em Hb 4:11; 2 Pe 1:10; 3:14-“empenhai-vos”. A NVI diz assim: “façam todo o esforço.

 Preservar. tereo, guardar, manter, preservar.

 Unidade do Espírito – uma menção específica quanto a unidade dos cristãos. “Esta unidade já foi feita e é essencialmente inquebrável, porém onde se ajuntam indivíduos tão diferentes como judeus e gentios, por exemplo, a unidade pode ser quebrada na prática”.

 Vínculo da paz – sundesmos – Aquilo que mantém as coisas juntas, aquilo que une. E o que vai nos manter unidos é a paz.

Paulo diz que precisamos ser diligentes em preservar a união promovida pelo espírito Santo procurando viver em paz uns com os outros.

 Versículos 4-6

            Agora o apóstolo passa a mostrar que a unidade da igreja baseia-se na natureza do Deus Triúno: um só Espírito, um só Senhor (Jesus), um só Deus e Pai. Estes três são um!

 Na economia da Trindade 1+1+1=1

   O versículo 4 inicia falando  que há um só corpo, ou seja, o corpo de Cristo é um só! Todos eles haviam sido alcançados pela graça de Deus para fazer parte de um mesmo corpo. Na verdade para formarem um corpo. Na realidade esta unidade é uma unidade espiritual que transcende, ou seja, vai além, das organizações e denominações criadas por nós.

            Porém, como é do nosso conhecimento, Paulo não aceitava tudo o que os crentes faziam. Ele rejeitava aquilo que não condizia com as verdades da Palavra de Deus. Mais à frente veremos isto detalhadamente. Infelizmente, em nome da unidade tem se tolerado práticas e doutrinas erradas na igreja e nas igrejas, mantendo relacionamento eclesiástico com elas.

            Há um só corpo, um só Espírito, um só chamado na mesma esperança. Os judeus esperavam o cumprimento de promessas terrenas e os gentios não tinham nenhuma esperança (cf. 2:12). Porém agora ambos tinham uma mesma esperança de sua vocação (chamado). Eles haviam vindo de várias origens e viviam com expectativas diferentes, mas, em Cristo, tornaram-se participantes de uma única esperança.

            O versículo 5  fala de um só Senhor, uma só  e um só batismo.

  1. Um só Senhor fazia parte fundamental do credo dos cristãos primitivos. Isto era fundamental para designar uma fé genuína. Admitir outro senhorio que não o de Cristo desqualificava o indivíduo como um cristão autentico.
  2. . Este senhorio de Cristo, por sua vez, era recebido através da mesma e genuína fé. A fé em Jesus somente. Para o Senhor, outro tipo de fé, que não a fé nele mesmo, não faz da pessoa um membro do Seu corpo.
  3. Batismo. Há um só batismo. Alguns comentaristas vêm este batismo como o batismo no qual o crente se submete após sua conversão como um testemunho público da sua fé em Cristo. Tenho dificuldade ver aqui o batismo com ou em água, pois o contexto trata da inserção espiritual no corpo de Cristo, inserção esta que não pode ser efetivada com água, seja pouca ou muita.

Em 1 Coríntios 12:13 fica claro que o batismo no corpo de Cristo é obra do Espírito Santo e não de um ritual. É algo interno, invisível e não externo e visível. Leiamos:

Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.” 

            Sabemos que este batismo com o Espírito Santo se dá quando cremos, momento no qual nascemos de novo (um ato) e passamos a ser habitados pelo Espírito Santo de Deus (1 Co 6:19). Isto já havia sido predito por João Batista e é comprovado pela Bíblia (Mc 1:8; Jo 7:37,38; Ef 2:17).

            No versículo 6 Paulo apela, por assim dizer, ao motivo último pelo qual os cristãos são um:

Há um só Deus e Pai de todos. Um único Deus que é pai de todos eles! Reforça esta verdade os seguintes textos: 1 Co 8:6; 12:5,6. É exatamente por ser Pai de todos os crentes que Ele está sobre todos.

            Esta verdade deve falar fundo aos nossos corações. Deus está sobre todos na sua Igreja. Isto é importante, pois pode ser que existam pessoas agindo como se elas é que estivessem sobre a igreja de Deus. É bom lembrar que esta posição pertence somente a Ele e a mais ninguém!

            Age por meio de todos. O texto nos assegura que Ele também age por meio de TODOS! Aqui é usada a preposição grega dia, dia. Quando esta preposição vem seguida da palavra “pantov””, pantós – o significado é de um agir contínuo, um agir constante. Ou seja, o agir de Deus por meio de nós não é apenas em algumas ocasiões, em alguns momentos. Ele age diuturnamente. ELE AGE TODOS OS DIAS O DIA TODO!

Creio também que além de agir por meio de nós ele age em nós de uma forma constante, pois me parece claro que para nos usar, antes, Ele tem que nos moldar e isto se dá pelo seu agir em nós. Isto nos faz lembrar a promessa feita pelo Senhor Jesus, em Mateus 28:20, de que estaria conosco todos os dias até a consumação dos séculos.

É maravilhosos saber deste agir contínuo de Deus através de nós. Na verdade é algo estupendamente fantástico!

            Está em todos. Deus também está em todos os que nasceram de novo e foram habitados pelo Espírito Santo. Todo cristão verdadeiro é habitado por Deus (Ef 2:22). Ele não só está entre nós, Ele está em nós!

            Acerca disto o Senhor Jesus disse o seguinte: “O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; vos o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós” (João 14:17). Naquela ocasião o Espírito Santo estava com os discípulos, mas chegaria o dia a partir do qual ele estaria dentro deles. A diferença entre estar com e estar em é fundamental.

            Deus é o nosso Pai, que está sobre todos, age por meio de todos e está em todos. Em Romanos 11:36 lemos: “porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente amém.”

            O que estamos vendo, irmãos, deve nos motivar a agir na igreja de forma a manifestar exteriormente o fato de que Deus nos fez um só corpo.

            Na época na qual Paulo viveu havia muitas divindades. Cada nação, cada cidade cultuava uma deidade. Paulo escreveu em 1 Coríntios 8:5,6  “Porque, ainda que há também alguns que se chamem deuses, quer no céu ou sobre a terra, como há muitos deuses e muitos senhores,

6  todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só Senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também, por ele.”

Nos nossos dias também não é muito diferente, pois são oferecidas as mais variadas religiões e crenças. Portanto, seja naquela época, seja na nossa época, a convicção de quem Deus é e do que Ele fez em nós deve nos unir mais que quaisquer outros laços terrenos. Sejam laços de parentesco, de classe social, de raça, de nacionalidade etc.

Em que outro lugar deste mundo há de se encontrar uma tão profunda e ampla unidade senão na igreja de Cristo? Onde mais as pessoas partilham de tão rica experiência?

conclusão a qual somos levados é que as divisões, quase sempre por motivos tolos, enfraquece perante o mundo o testemunho da maravilhosa fé que possuímos.

Na seção seguinte veremos claramente que “a unidade não é igual a uniformidade, pois esta última é inconsistente com a variedade dos membros, seus dons espirituais e seus ministérios na igreja” (Eadie).

Agora passaremos a ver que apesar de ser parte de um todo, de um só corpo, foi concedido a cada cristão uma graça de acordo com a proporção (metron) do dom (doreá – dom, presente) do Senhor Jesus Cristo.

Todos participamos de uma grande e mesma fé e esta verdade nos responsabiliza a cuidar com muito zelo da preservação da unidade visível do corpo de Cristo. Contudo não devemos ser levados a pensar que nossas personalidades, serviços e dons serão iguais. Deus na sua infinita sabedoria estabeleceu não uma uniformidade de dons e serviços. Antes, Ele estabeleceu uma rica variedade de dons para os membros do corpo de Cristo, para que cada membro dependa dos outros. João Calvino disse que “nenhum membro do corpo de Cristo recebe uma tal perfeição que o torne apto a suprir suas próprias necessidades sem a assistência dos outros.”

Foram-nos dados dons para que sirvamos uns aos outros e assim o todo é beneficiado. Devemos atentar que o uso da palavra graça não deixa margem para qualquer vanglória pessoal. O dom é um privilégio que possuímos e que nos foi dado por decisão e pela graça do Senhor, sendo, portanto, sem merecimento algum.

1 Co 4:7 “Pois quem é que te faz sobressair? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te vanglorias, como se o não tiveras recebido?”

            No versículo 8 Paulo nos informa que Jesus concedeu os dons após ter subido aos céus. É mencionado um fato curioso o qual é Ele ter levado cativo o cativeiro ou, como lemos na NVI, os prisioneiros.

            Alguns estudiosos vêm aqui uma alusão ao costume romano de fazer entrar pela cidade em um desfile triunfal os inimigos derrotados na guerra como forma de humilhá-los. Segundo este modo de ver, Jesus teria conduzido seus inimigos espirituais que haviam sido derrotados na cruz num desfile no qual eles foram expostos ao desprezo (cf. Cl 2:15). Assim, como vencedor, ele teria recebido os presentes (dons) os quais, por não precisar deles, os dá gratuitamente aos crentes.

            Nos versículos 9 e 10 somos informados que antes de subir Jesus desceu até as regiões inferiores da terra e que ao subir “acima de todos os céus” encheu (pleroo = encher, completar, tornar pleno) todas as coisas. Assim Cristo é supremo sobre todos os poderes celestiais e terrenos.

            Há uma linha de pensamento que afirma que regiões inferiores da terra seria a mesma esfera na qual vivemos para a qual Cristo veio depois deixar a Sua glória e exaltação. Outros juntam esta passagem com 1 Pedro 3:18-20; 4:6 , entendem que Jesus realmente desceu a um nível espiritual inferior a terra. Naquela “dimensão” Ele proclamou (kerusso) sua vitória aos que morreram esperando nele. Entendem que Ele foi ao local que na história do Rico e Lázaro é chamado de “Seio de Abraão” de onde tirou estas pessoas conduzindo-os para o lugar da sua habitação para estarem com Ele.

            Sou mais inclinado a esta última forma de interpretar. Contudo, entendo que não posso ser dogmático na minha posição. É uma das coisas que creio, mas pela qual não estaria disposto a morrer.

No versículo 11 Paulo parece falar de cinco dons que o Senhor concedeu aos crentes.  Pessoalmente estou inclinado a pensar que não são dons e sim funções. São assim descritos: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Devido ao conhecimento que temos das outras epistolas sabemos que a presente lista não é exaustiva.

            Devemos sempre nos lembrar que é devido a obra de Cristo que temos estas  capacitações na igreja. A igreja deveria levar isto em conta ao indicar pessoas aos diferentes ministérios. É verdade que aos crentes foram dados dons e capacitações, mas aqui lemos que a estas pessoas foram dadas capacitações, mas elas é que são dadas a igreja. Ou seja, você e eu fomos dados por Deus a Sua igreja e também a igreja local onde somos membros.

            Vamos pensar um pouco sobre cada uma destas funções:

Apóstolos. Em primeiro lugar e mencionado os apóstolos. Apesar desta palavra normalmente nos fazer pensar nos 12 apóstolos, ela é usada no Novo Testamento com três significados.

  1. Significando simplesmente um mensageiro, um delegado; alguém enviado para passar á frente ordens. É com este significado que ela aparece em Filipenses 2:25. “Julguei, todavia, necessário mandar até vós Epafrodito, por um lado, meu irmão, cooperador e companheiro de lutas; e, por outro, vosso mensageiro e vosso auxiliar nas minhas necessidades”
  2. Lemos a respeito de outros apóstolos além dos doze. Paulo e Barnabé (At 14:14); Silas (1 Ts 2:7); Junias e Andrônico (Rm 16:7) e talvez Tiago, o meio irmão de Jesus (Gl 1:19?).

Nestes casos a ideia mais forte é a de um enviado, um delegado.

  1. Em terceiro lugar a palavra refere-se aos 12 homens escolhidos pessoalmente pelo Senhor Jesus.  Creio ser este o caso em Efésios 4:11. Estes 12 ocupam um lugar de especial proeminência no Novo Testamento (Ef 2:19,20; Ap 21:14).

Em 2 Coríntios 12:12 Paulo fala aquela igreja sobres as credencias do seu apostolado a qual incluía sinais, prodígios e poderes miraculosos.

Na verdade a Palavra de Deus nos apresenta alguns requisitos para que uma pessoa pudesse ser considerada um apóstolo no sentido restrito da palavra (os 12). Vejamos algumas delas:

  1. Ter acompanhado Jesus desde o seu batismo até a sua ascensão aos céus (At 1:21,22)
  2. Ter sido testemunha da ressurreição de Cristo (At 1:21,22; 1 Co 9:1; 15:7,8)
  3. Ter sido chamado diretamente por Cristo (os 12 e Paulo Rm 1:1; 1Co 1:1; 4:9; 2 C 1:1; Gl 1:1; 1:17; Ef 1:1; Cl 1:1; 1 Tm 1:1; 2:7; 2 Tm 1:1,11)
  4. Ter Autoridade para realizar milagres inequívocos (2 Co 12:12)
  5. Ter autoridade para estabelecer os ensinos normativos para a Igreja de Cristo (Ef 2:19-22; 1 Ts 2:13; 2 Co 10:8; 13:10; 2 Pe 3:15,16; Gl 1:11-12).

Observando os requisitos para que alguém fosse considerado um apóstolo do Senhor, somos forçados a admitir que este grupo específico encerrou-se com a morte do último dos doze.

             Profetas. Em segundo lugar é mencionado profeta. Estas pessoas eram instrumentos de Deus para anunciar a Sua vontade aos crentes. Às vezes previam o futuro (At 11:27,28 – Ágabo; 21:9-11 – as filhas de Filipe e Ágabo); exerciam seu ministério nas reuniões da igreja (1Co 14:24,29,30). Também aparecem em Atos 13:1 e 15:32 – Judas e Silas.

Entendo que ocorreu com os profetas do NT algo semelhante ao ocorrido com os apóstolos. Creio que a partir do estabelecimento das epístolas como ensino normativo para a Igreja de Cristo. Ou seja, na medida em que os escritos apostólicos começaram a ser lidos e aceitos como Palavra autorizada de Deus, tais escritos foram substituindo a atividade dos profetas.

Evangelistas – Em terceiro lugar vêm os evangelistas. Além desta ocorrência, este termo aparece somente em At 21:8, referindo-se a Filipe (cujas filhas eram profetizas) e em 2 Tm 4:5, onde Timóteo é incentivado a fazer o trabalho de um evangelista.

Creio que podemos afirmar com tranquilidade que o evangelista é alguém que leva o evangelho aos descrentes como fica evidente no caso de Filipe (At 8:5-8; 26ss).

Pastores – Em quarto lugar vêm os pastores (poimen). Curiosamente a maioria absoluta das ocorrências desta palavra é aplicada a Jesus (Mt 25:32; 26:31; Jo 10:11,14,16; Hb 13:20; 1 Pe 2:25; 5:4).

O serviço do que pastoreia é, entre outras coisas, guiar, vigiar, cuidar e alimentar o rebanho de Deus. Parece que o desempenho desta função é mais restrita aos membros da igreja local. Temos indicações no NT que este ministério deve ser desempenhado pelos presbíteros. Vemos esta exortação em Atos 20:28 onde os presbíteros são exortados a exercer o pastoreio da igreja em Éfeso. Da mesma forma na primeira epístola de Pedro ele exorta os presbíteros a pastorearem a igreja (1 Pe 5:1-3).

O ministério pastoral abrange todas as áreas do cuidado espiritual dos membros da igreja local, em especial o ensino, provendo assim um bom alimento para o rebanho do Senhor. Também o de proteger o rebanho das mais variadas formas de perigo.

Contudo, creio que essa função do pastoreio também pode ser exercida pelos membros da igreja e pode ser vista no cuidado de uns para com os outros. Desde que o termo não seja visto como um título e sim como uma função.

             Mestres – Em quinto lugar vemos os mestres.

Na língua grega a palavra pastores (poimen) está ligada pelo artigo à palavra mestres. É por isso que alguns comentarista preferem usar o termo pastores-mestres. O mestre é aquele que ensina a Palavra de Deus. Então, não é sem motivo que um dos requisitos para que um homem desempenhe a função de presbítero é que ele seja apto para ensinar (1 Tm 3:2; Tt 1:9). Romanos 12:7 diz que aquele que ensina deve esmerar-se para fazê-lo. A revista e corrigida diz: “haja dedicação no ensino”. Tiago nos alerta acerca das implicações de querer ser mestre (Tg 3:1 ==> Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber maior juízo.).

 Quando nos propomos a ensinar na Palavra de Deus devemos estar cientes da seriedade desta ação. Ensino bíblico é coisa séria, pois pessoas vão direcionar suas vidas por aquilo que lhes ensinamos. Se nosso ensino for sadio elas irão bem, mas o contrário também é verdade. Outro risco que corremos é o de colocar sobre as pessoas um peso que elas não precisavam carregar. Refiro-me a regras e preceitos de homens.

 Não é sem motivo que em 2 Tm 2:15 somos ensinados a manejar bem (orthotomeo – cortar em linha reta)a Palavra da Verdade  pois, ou ensinamos a verdade ou ensinamos o erro. Aos presbíteros cabe a função de ficarem atentos aos falsos mestres com as suas sutilezas (2 Pe 2:1-4).

 Versículo 12

            Agora Paulo passa a mostrar qual é o propósito de Deus com tudo aquilo que temos visto que Ele fez. Paulo nos mostrará o propósito das funções que acabam de ser mencionadas.

  1. O primeiro propósito é o do aperfeiçoamento dos crentes. A palavra grega usada aqui é  katartismos – treinar, preparar, equipar os santos. Esta palavra também é um termo técnico para “recolocar um osso deslocado ou quebrado”. O verbo katartizo é usado em Mateus 4:21 para o ato de consertar as redes de pesca. Então além de consertar ele nos dá a ideia de preparar, equipar, fortalecer, tornar algo ou alguém naquilo que deve ser. Uma rede rasgada não desempenha bem o seu papel, mas uma rede devidamente consertada dará o melhor de si. O mesmo se dá com o cristão.

A palavra katartismos pode ter o sentido de aperfeiçoar aquilo que pode estar deficiente nalgum cristão (1 Ts 3:10; Hb 13:21; 1 Pe 5:10). A palavra dá a idéia de “levar os santos a tornarem-se aptos para o desempenho de suas funções no corpo” (Robinson)

É importante ressaltar que esta ação não é um fim em si mesmo. Ela tem o propósito de habilitar os crentes para o…

  1. Desempenho do seu serviço – diakonia – serviço, ministério. Indica especialmente aqueles que executam os pedidos dos outros.

Como já vimos no versículo sete (a graça foi concedida a cada um) aqui também fica explicito que cada cristão tem um serviço a desempenhar no corpo de Cristo. A palavra diakoniva, diakonia indica o serviço feito pelos servos de uma casa (Lc 10:40; 17:8; 22:26; At 6:2). Aqui esta palavra refere-se não somente ao trabalho daqueles que são reconhecidos como “diáconos”, mas ao sentido geral de todo o serviço na igreja (cf 3:7)

  1. Para a edificação do corpo de Cristo. oikodome – Ato de alguém que promove o crescimento do outro em sabedoria cristã… (Dic. Strong).

Refere-se ao serviço que os santos fazem uns aos outros e que resulta na edificação da igreja. Na medida em que cada membro usa seu dom individual na igreja, ela vai sendo edificada e cada um dos seus membros são beneficiados.

Versículo 13

            Até que todos cheguemos (katantao = chegar a um lugar oposto a outro, atingir, chegar ao alvo)… trás a ideia de um propósito.

            A palavra “até” aponta para um objetivo a ser concretizado e nos dá a entender que Deus estará suprindo a Igreja até que o objetivo dele para ela seja alcançada. O ponto de chegada é descrito de três modos.

O alvo a ser atingido é:

  1. A unidade da fé.

“Quando a fé é corretamente participada, pessoas com diferentes origens de erro e ignorância chegam a uma compreensão crescente da única “esperança”, a uma dependência também crescente do único “Senhor”, e, assim sendo, a uma apreciação progressiva do único “corpo” (Francis Foulkes).

Agora vem algo mais profundo e pessoal que é o…

  1. Pleno conhecimento de Jesus – epignosis – conhecimento preciso e correto.

Conhecimento aqui não é saber sobre a pessoa e sim o conhecimento derivado de um relacionamento pessoal, de comunhão. Será enquanto andamos com Jesus que nosso conhecimento dele aumentará.

Isto nos levará a desenvolver

  1. A perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo.

Perfeita – teleios – levado ao seu fim, finalizado. Adulto, maduro, maior de idade

Varonilidade – ajnevr, aner – (homem, marido) também é usada com referência à idade para distinguir um homem de um garoto.

Medida – metron – Medida, instrumento para medir. A medida requerida, obrigação, ajuste, proporção.

Estatura – helikia – idade, tempo de vida. Idade adulta, maturidade. Metáfora: um estágio próprio alcançado para algo

Plenitude – pleroma – aquilo que é (tem sido) preenchido. Plenitude, abundância

Todas estas diferentes expressões apontam para a maturidade completa que é o resultado de uma vida plena em Cristo.

O desejo de Deus é que o Cristão venha a ser preenchido de tudo o que Ele pode nos dar.

“É irrelevante que este alvo possa ou não ser alcançado nesta vida. O importante é que o cristão deve marchar firme para a frente levado por esta ambição” (Francis Foulkes).

Versículo 14 A finalidade disto é:

            Que eles não sejam mais infantis no seu procedimento.

  • Meninos – nepios – 1) infante, criancinha; 2) metáfora: infantil, imaturo, inexperiente.
  • Agitados de um lado para outro – kludonizomai. 1) ser agitado pelas ondas

2) metáfora: ser agitado (como as ondas) mentalmente.

  • Levados ao redor – periphero. 1) carregar em volta, levar alguém a qualquer lugar. 2) carregar aqui e ali. 3) ser dirigido. 3a) ser conduzido ora para esta, ora para aquela opinião, em dúvida e hesitação.
  • Vento – anemos. 1) vento, uma agitação violenta. 2) um vento tempestuoso muito forte.

            A expressão agitados de um lado para o outro ilustra um barco sacudido pela tempestade e levado ao sabor das ondas. Já o verbo perifevrw (periphero) dá a idéia daquela agitação tão violenta que pode deixar a pessoa tonta. Ele alerta os cristãos sobre a necessidade de se manterem firmes contra os vários tipos de “ventos de doutrina”

            As doutrinas heréticas eram trazidas por homens dotados de artimanha e astúcia. Por isto veremos o significado destas duas palavras.

  • Artimanha – kubeía – de kubos (“cubo”, i.e., dado para jogar)

1) jogo de dados; 2) metáfora: a decepção dos homens, porque os jogadores de dados algumas vezes enganavam e defraudavam seus companheiros de jogo.

Kubia “literalmente significa “jogar dados”, dando então a ideia de trapaça, fraude ou artimanha”

  • Astúcia – panourgia – 1) artimanha 2) maquinação 3) trama 4) sabedoria ilusória

É usada em 2 Coríntios 11:3 para designar a astúcia da serpente no Éden, quando Paulo alerta aquela igreja quanto a um “outro evangelho” que estava sendo pregado lá.

  • Induzem – metodeía – 1) artifício, truque, arte, malandragem. 2) esquema, engano

            Comentário:

            “Quando os homens se desviam do caminho da verdade, não hesitam em usar planos enganosos e meios astutos para levar outros a segui-los. O indivíduo instável e sem leme é facilmente desviado de seu rumo, pois não existem apenas aqueles que são enganados e se desviam sem o perceber, mas há também aqueles que aguardam a ocasião, e induzem outros ao erro (2 Tm 3:13)” (Francis Foulkes).

 

PARÊNTESES (sobre os falsos Mestres)

Falsos Mestres

Quem são e como agem?

Alertas no NT quanto a eles

            Pedro nos diz que assim como no AT haviam os falsos profetas, na era da igreja tem os falsos mestres e é com eles que ocuparemos essa parte do estudo

2 Co 11.13-15 Falando dos falsos apóstolos Paulo os chama de ministros de Satanás.

Já em Gálatas o vemos falando sobre os falsos irmãos e creio que ele está se referindo aos judaizantes (Gl 2.4) que queriam escravizar os crentes a Lei. Eles eram tão hábeis que até Barnabé  e Pedro (2.13-14) foram persuadidos por eles. Em Gálatas 2.21, alertando sobre eles Paulo escreveu: “Não anulo a graça de Deus; pois, se a Justiça é mediante a Lei, segue-se que morreu Cristo em vão.”

1)      Se a justiça é mediante a os preceitos da Lei, segue-se que Cristo morreu em vão;

2)      Se a justiça é mediante a guarda do sábado, segue-se que Cristo morreu em vão;

3)      Se a justiça é mediante a circuncisão, segue-se que Cristo morreu em vão;

4)      Se a justiça é mediante o esforço próprio, segue-se que Cristo morreu em vão;

5)      Se a justiça é mediante o batismo (água), segue-se que Cristo morreu em vão;

6)      Se a justiça é mediante as boas obras, segue-se que Cristo morreu em vão.

Aos Filipenses Paulo escreveu: “Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão! (Fp 3.2).

Blepo – Ponderar cuidadosamente, examinar (Strong). “Estejam continuamente atentos” (CLNTG).

            O tríplice uso do verbo acautelar ressalta a importância dele para a igreja.

Cachorro – Kunon à  pessoa de mente impura, pessoa impudente

            Para as pessoas do Oriente os cães eram a mais desprezível das criaturas. Eles não tinham donos e andavam perambulando em bandos pelas cidades comendo lixo e atacando os transeuntes. Provavelmente Paulo estava se referindo aos falsos obreiros que perambulavam pelas igrejas que ele tinha fundado.

Maus obreiros – “Aqueles que se ocupavam em deturpar o evangelho graça com elementos alienígenas ao ensino do apostólico.”

Falsa circuncisão – Aqueles que pregavam a confiança na circuncisão física como um complemento a fé em Cristo. Para o apóstolo isso era confiar na carne.

Colossenses – Na carta aos colossenses Paulo também fala dos falsos mestres. Ele escreveu:

“Cuidado que ninguém vos venha enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Crist0” (Cl 2.8).

Cuidado – de novo é usado “blepo”. Fiquem atentos!

Enredar – sulagogeo. Levar alguém cativo (e escravo). A conotação aqui é a de desviar a pessoa da verdade e torna-la escrava do erro.

Filosofia – Zelo ou habilidade em qualquer arte/ciência ou ramo do conhecimento. Os falsos mestres não são uns bobões! Pelo contrário, são astutos!

Sutilezas – apáte. Engano, falsidade, ilusão

Tradição dos homens – Aquilo que é proferido como ensino bíblico, mas que carece de fundamentação bíblica para ser aplicado ou exigido do cristão.

Rudimentos do Mundo – Coisas elementares, o abecedário (Gl 4.3, 9; Cl 2.20, Hb 5.12)

CONTINUAÇÃO – Versículos 16-18

            16 Comidas, bebidas, festas à práticas cultuais judaico pagãs? Provavelmente sim. Por exemplo, a doutrina da transmigração da alma ensinava que comer animais seria uma forma de canibalismo.

Árbitro – katabrabeúo (v.18 – ocorre somente aqui) à Condenar, decidir contra

Pretextando humildade à “Sua profissão de humildade era uma mera capa para seu orgulho excessivo” (CLNTG).

            O sistema religioso dos falsos mestres era produto de suas próprias mentes (culto a anjos, visões/revelaçãoes). Aquelas coisas os faziam orgulhosos ( fusivow – inchar, tornar arrogante, estar cheio de si).

  1. 19ànessa astúcia e sagacidade acabam por diminuir ou deixar de lado aquilo que é mais importante. Ou seja, Jesus Cristo.
  2. 20-23àRudimentos, ordenanças: v . 2.  não manuseie, não prove, não toque

Manusear – haptomai. Tocar, coabitar. Às vezes envolve celibato e abstinência de certos tipos de comida e bebida.

  1. 23 –> Essa aparente sabedoria descamba em:

 Culto de si mesmo (ethelothreskeía): “Adoração que alguém prescreve e impõe sobre si mesmo, contrária a essência e natureza da fé que deve ser dirigida a Cristo” (Strong).

A palavra [também] pode significar religião auto escolhida ou pode significar adoração fingida” (CLNTG).

Falsa humildade: Humildade fingida

Rigor Ascético: afeldia – [grande severidade]. Corpo – somatos. Severidade com ou contra o corpo. Inclui: penitências, jejuns, isolamento, autoflagelação etc.

Não tem valor algum contra a sensualidade

plesmoné saciar os desejos da carne, indulgência da carne.

A tradução da NVI é mais fiel a construção da frase no grego: “não têm valor algum para refrear os impulsos da carne.”

2 Tm 2.16-18 à Antídoto para a heresia: “manejar bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).

2 Tm 4.3, 4 à Antídoto para a heresia: “…prega a palavra”  (2 Tm 2.15).

            Tem pessoas que são contadores de história e até falam sobre a Bíblia, mas não pregam a Palavra. Nosso papel é pregar a Palavra!

kerusso – ser um arauto, proclamar como um arauto à A tarefa do arauto não é a de convencer, mas a de anunciar fielmente a mensagem.

Tito 1.10-11

            Escrevendo a Tito Paulo também o adverte contra os falsos mestres. Como hoje, naqueles tempos eles estavam em todas as partes.

anupotaktos à desobediente, teimoso, insubmisso

mataiólogos à papudo, conversador. “Usam linguagem impressionante, mas com pouco ou nenhum conteúdo de verdade” (CLNTG).

Fazer calar – (epistomízo): silenciar, amordaçar

Pervertendo – (anatrépo): destruir, subverter, arruinar

  1. 13–“…repreende-os severamente”

Obs.: Hoje isso não é bem visto, pois não é politicamente correto. Se você faz isso logo aparecem os irmãos “não julgueis”

Qual o conteúdo do ensino deles?

  1. 14 –Fábulas(muthos) judaicas:  já mencionada em 1 Tm 1.4 como “mitos sem fim” que atrapalham o trabalho do Senhor.

“mandamentos de homens desviados da verdade.” –> Provavelmente algum tipo de ascetismo como já mencionado em Cl 2.21-22. O versículo seguinte (15) parece indicar isso

  1. 16 –Eles, na verdade, apenas professam o nome do Senhor, mas na realidade não o conhecem, o que é denunciado pelo seu procedimento (abomináveis, desobedientes, reprovados).

CONCLUSÃO:

            Encerraremos esse longo parênteses com o alerta de outro apóstolo acerca dos falsos mestres.

2 Pedro 2.1-3: Os falsos mestres são as versão moderna dos falsos profetas no AT.

pseudodidáskalos –> Falso Mestre

pareiságo – Introduzir com astúcia, furtivamente, contrabandear.

Heresias destruidoras – hairesis apóleia

hairesis – falso ensino, falsa doutrina

apóleia – ato de destruir, destruição total, deterioração, ruína.

 Repentina – tachinós – rápido, repentino, logo, imediato

Destruição – apóleia – ato de destruir, destruição total, deterioração, ruína.

 V.2 Muitos (pollos) seguirão (exakoloutheo) – seguir, acompanhar, imitar, consentir. Ou seja, seu mau exemplo seria largamente seguido.

 Práticas (libertinas) – aselgeia – luxuria desenfreada, excesso, licenciosidade, lascívia, libertinagem, impudência. “O plural pode denotar diferentes formas ou repetidos atos habituais de lascívia” (CLNTG).

Em alguns manuscritos aparece a palavra apóleia – ato de destruir, destruição total, deterioração, ruína.

  1. 3 A motivação deles era a avareza (desejo ávido de ter mais)

            Farão comércio – Para os tais o ensino de “novidades” é apenas uma fonte de lucro. Tratam seus ouvintes como mercadoria.

O Final do versículo  três trás um forte alerta para aqueles de nós que abre a Bíblia para ensinar. O Ensino errado tem como prêmio o juízo de Deus!

FIM DO PARÊNTESES (sobre os falsos Mestres)

  Versículo 15

            Em contraste com os falsos mestres com suas artimanhas e astúcias, os mestres da Verdade não podem e nem devem usar tais métodos. Como embaixadores da verdade não só devem segui-la, mas também devem ensiná-la.  Mas  devem fazer isto em amor.

 A verdade sem amor pode gerar o legalismo e o amor sem a verdade pode gerar a licenciosidade.

             Percebemos que o apóstolo nos mostra que deve haver um contraste marcante entre os mestres do versículo anterior e os mestres da Verdade.

Usando uma figura totalmente oposta àquela que usou no versículo 14 para descrever indivíduos lançados de um lado para o outro tal qual um barco no temporal, Paulo fala da Rocha na qual devemos firmar nossas vidas, Jesus Cristo aquele que é a cabeça de onde emanarão diretrizes firmes e seguras para nossa existência.

Devemos crescer, em tudo, mas em Cristo. Se cada membro da igreja, enquanto exercita seu dom e desenvolve atividades no corpo, buscar crescer em Cristo haverá uma igreja saudável. Um corpo só pode ser saudável se os membros também o forem.

O resultado é o que é descrito no versículo 16. Uma igreja ajustada e consolidada e isto mediante o auxílio e cooperação de cada membro. Uma igreja que cresce e que se edifica. Fica claro que a motivação não é egoísta, ou seja, o membro não busca o seu próprio crescimento, mas o do corpo como um todo, não sua própria edificação, mas a edificação do todo.

É notável o fato de Paulo destacar que tudo isto deve ser “em amor”. Esta frase, que aparece cinco vezes nesta carta (1:4; 3:17; 4:2; 4:16; 5:2), aparece novamente aqui pra nos fazer entender que só o amor fará com que cada membro procure edificar os outros. E se cada membro der sua justa cooperação, se houver comunhão e convivência em amor a igreja será espiritualmente edificada e o crescimento numérico virá naturalmente.

Assim Deus vai completando sua obra de arte e escrevendo este lindo poema do qual fazemos parte. Poema sim, pois em Efésios 2:10 lemos: Pois somos feitura dele, criados em  Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.”

A palavra grega que foi traduzida como “feitura” é poiema – uma obra de arte das obras de Deus como criador. É isso que você é meu irmão, é isso que você é minha irmã, é isso o que somos. Somos o poema de Deus é Ele quer que sejamos “obras de arte” nas Suas benditas mãos e na vida uns dos outros.

Amém!!

Abreviaturas:

CLNTG – Chave Linguistica do NT Grego.

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