O Perdão

“Um príncipe árabe estava sentado em sua tenda quando ouviu pessoas gritando; os gritos vinham se aproximando, peguem não o deixem escapar! De repente um rapazola invadiu sua tenda e, tremendo, ocultou-se atrás dele. Segundos depois chegaram os seus perseguidores e insistiam com o príncipe dizendo: “entregue-nos o garoto, ele matou uma pessoa segundo as nossas leis tem que pagar com a própria vida”. O príncipe vendo a situação desesperadora do rapaz e se condoendo dele disse: “este jovem entrou em minha tenda em busca de refúgio, enquanto estiver sob a minha proteção ninguém o tocará, eu o perdôo pela sua falta”. Um dos perseguidores insistiu: “senhor ele tem que ser punido, venha e veja com seus próprios olhos, a pessoa que ele matou foi o seu filho”. Diante desta drástica revelação, o príncipe, depois de alguns instantes, falou: “o meu perdão já foi dado, e já que não mais vive o meu filho, vou criá-lo como se fosse o meu filho que ele matou”.

O homem perdoado por Deus, tem o dever de perdoar.

Através deste estudo veremos três razões bíblicas que nos dão o motivo pelo qual devemos perdoar.

I. TEMOS QUE PERDOAR PARA FICARMOS LIVRES DE ACUSAÇÃO (Mt 18:35)

O velho João estava morrendo. Percebendo que o tempo se escoava, preocupou-se em acertar algumas coisas. Havia um assunto que especialmente o perturbava. Durante anos estivera de mal com o irmão Bento, costumava discutir com ele por motivos banais e ultimamente nem sequer falava mais com ele. Desejoso de acertar as coisas, mandou um recado ao Bento para que viesse vê-lo. De boa vontade o Bento consentiu. Quando chegou, João lhe disse que temia entrar na eternidade com um problema tão sério entre eles. Então, com muita relutância e grande esforço, João pediu desculpas pelas coisas que tinha dito e feito. Estendendo a mão para apertar a do Bento pediu perdão. Tudo parecia estar bem até que o Bento ia saindo. Mas mal se perdeu de vista o João gritou: “Bento, hoje o acerto é esse, mas lembre-se que se eu melhorar, essa nossa conversa não significou nada”.

É vergonhoso admitir que as vezes agimos como o velho João. Várias vezes perdoamos só da boca para fora, porém o que Deus requer de nós é que perdoemos com o coração.

No contexto anterior a Mateus 18:35, para ser mais exato Mateus 18:23-25; Jesus fala daquele rei que chamou seus servos para que prestassem contas com ele. Veio um que lhe devia dez mil talentos, e não tinha como pagar. Então o rei mandou que fosse vendidos ele, a mulher, os filhos, a casa e todos os seus bens. Notemos que ele devia tanto que nem mesmo ele com tudo o que possuía dava para pagar. Ele devia mais do que valia. Diante desta desesperadora situação ele caiu de joelhos, chorando e suplicando que o rei o perdoasse. O rei sensibilizado perdoou toda a sua dívida e o deixou livre.

Logo após sair da presença do rei ele encontrou um outro súdito do rei que lhe devia cem denários. Então lhe saltou ao pescoço e sufocando-o disse-lhe: “paga-me o que me deves”. O outro implorava: “tenha paciência comigo e te pagarei”. Então ele disse: “lancem-no na cadeia. Ele só sairá de lá quando pagar o que me deve.”

Mas seus companheiros observavam sua atitude injusta; sabiam que o rei acabara de perdoar-lhe uma dívida imensamente maior e agora ele tratava o pobre homem de maneira tão oposta. Então foram e contaram ao rei o que se sucedera. Este mandou chamá-lo e disse-lhe: “Tu és malvado, eu te perdoei, porque não fizeste o mesmo com o outro? Então o rei o entregou aos verdugos até que ele pagasse toda a dívida.” E Jesus conclui: “Assim também meu pai celeste vos fará se do íntimo não perdoardes cada um ao seu irmão”.

Quem escolhe não perdoar coloca-se sob o juízo de Deus. Jesus mesmo o disse, e ele não estava brincando; pelo contrário, ele falou sério, muito sério.

Mesmo nesta vida existem os verdugos que nos atormentam, com problemas psicológicos, existenciais, emocionais e, até mesmo, espirituais. Quem não perdoa não só será punido na eternidade, é punido aqui; já está sob o poder dos “verdugos”. Quando não perdoamos, o ódio que passamos a nutrir por uma pessoa é derramado sobre nós mesmos, então nos é tirada a alegria de viver e ficamos “curtindo” o gosto amargo do ódio. Tornamo-nos escravos dele. Somente o caminho do perdão nos liberta da escravidão ao ódio; a partir do momento que perdoamos somos libertos do seu domínio.

II. TEMOS QUE PERDOAR MESMO QUANDO SOMOS INJURIADOS (I Pe 2:23)

“O perdão é o perfume que as flores exalam quando são pisadas”.

Ao contrário das flores nós quando somos atingidos física ou emocionalmente, quando temos o nosso orgulho próprio ferido exalamos o mau cheiro da vingança. Estamos sempre prontos a revidar qualquer tipo de ofensa. Porém, o Espírito Santo através do Apostolo Pedro (v 21) nos exorta a seguirmos o exemplo de Jesus. Ele nunca revidou um ultraje e nem fazia ameaças; apesar de ter poder e autoridade para tal Ele nunca o fez.

Quando nos dispormos a seguir o exemplo de Jesus o mesmo Espírito Santo que inspirou estes versículos nos capacitará; então conseguiremos perdoar. Não buscando vingança mas, como Cristo, entregando-nos a Deus, pois Ele julga retamente. è Rm 12:19.

Já que o perdão é um padrão divino e não terreno, já que ele é um padrão celeste, então só poderemos encontrar capacitação para exercê-lo buscando em Deus. Ao invés de dar rédeas a nossa pré-disposição de revidar, devemos buscar em Deus uma pré-disposição para perdoar. O perdão é estranho à natureza humana; nós em nossa natureza debilitada pelo pecado não estamos preparados para esta lei do perdão. E algo estranho à natureza humana só pode vir de cima, de Deus. “Toda boa dádiva e todo dom perfeito é lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação, ou sombra de mudança”. Só buscando em Deus é que seremos capacitados a perdoar. Uma vez capacitados por Deus nós, quando ofendidos, ao invés de exalarmos o mau cheiro da vingança, exalaremos o doce e contagiante perfume do perdão.

III. TEMOS QUE PERDOAR PORQUE TAMBÉM ERRAMOS (Mt 6:14-15)

Um General disse para João Wesley: Eu jamais perdôo; respondeu-lhe João Wesley: – Espero que jamais peques.

Muitas vezes ao ser feita a oração do Pai Nosso, quando chega na parte que diz: “Perdoa-nos as nossas dívidas assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”, é quase impossível deixar de pensar que alguém ou mesmo eu posso estar pedindo a Deus que não me perdoe. Muitas vezes repetimos estas palavras sem pensar na profundidade e seriedade que nelas existe. Qualquer pessoa que tenha uma pontinha de mágoa contra alguém, não pode ou pelo menos não deveria fazer esta oração. Esquecemo-nos que temos em nós uma forte tendência de não perdoar.

Todo homem erra; por isso todo homem necessita de perdão; porém, nós nos ocupamos em olhar para os erros dos outros; achamos que o nosso pecado é insignificante em vista dos erros das outras pessoas. Estamos sempre querendo encobrir os nossos erros com o erro das outras pessoas. Quando o erro é nosso nos achamos merecedores de perdão, então corremos aos pés de Deus para obtê-lo, queremos também receber o perdão das pessoas a quem ofendemos ou prejudicamos. Mas quando é outro que erra, especialmente quando somos nós os ofendidos, queremos enforcá-lo no primeiro poste, e às vezes mesmo que a pessoa reconheça o erro e se humilhe, nos negamos a perdoá-la. Somos incoerentes, queremos receber perdão mas, perdoar… Bem, aí já é outra conversa.

A linguagem de Deus para o perdão difere em muito da nossa. Jesus diz: “Se vocês perdoarem os seus ofensores, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos vossos ofensores, tão pouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas” (Mt 6:14-15).

Não devemos esquecer de que estamos sujeitos a erros, e só seremos perdoados se também perdoarmos.

IV. CONCLUSÃO

Freqüentemente nos esquecemos que fomos alvos do perdão divino e nos negamos a perdoar. Devemos ter sempre em mente que somos devedores; a nossa dívida é tão grande que vale mais do que nós. Vejamos a comparação que a Bíblia faz: Nós devemos ao rei Sessenta Milhões de denários, enquanto o nosso próximo só nos deve Cem Denários. Notemos a grande diferença: sessenta milhões para cem. Comparado com a minha dívida a Deus o que me é devido é igual a nada. Ao deixar de perdoar ao meu próximo estou tratando-o de maneira inversa a que Deus me tratou, estou querendo encarcerá-lo. Coisa que Deus não fez comigo.

Mesmo quando somos profundamente magoados devemos nos dispor a perdoar. Por vezes o que menos queremos é perdoar; é nestas horas que devemos buscar forças em Deus, só então seremos capacitados para tal. Deus não nos deixaria na Sua Palavra um mandamento impossível de cumprirmos, se Ele mandou é porque pode ser feito. Devemos lembrar que o perdão não depende do nosso querer, é um mandamento de Deus.

Todos nós cometemos erros, aqui não existe uma pessoa que possa dizer que nunca errou; conseqüentemente todos necessitamos ser perdoados. Devemos seguir o exemplo do Supremo Mestre, temos que procurar pisar nas marcas deixadas por Ele, nas Suas pegadas. Jamais houve no mundo maior exemplo de perdão do que o deixado por Jesus. A sua capacidade perdoadora foi tão grande que o levou a dar a própria vida para que os seus ofensores pudessem receber perdão. Mesmo quando estava sendo morto na cruz Ele ofereceu perdão, antes mesmo que ele o fosse solicitado.

Talvez entre nós hoje haja alguém que esteja guardando ressentimento de outra pessoa, talvez haja alguém que odeie outra pessoa; se você se enquadra em qualquer um destes exemplos, procure acertar hoje esta situação; você não sabe a hora em que será chamado à presença do Rei; a hora de acertar é agora, não espere que o outro tome a iniciativa, não imponha condições ao seu perdão. O perdão deve ser espontâneo, “o perdão que impõe condições não é perdão”; devemos perdoar mesmo antes de sermos procurados.

Quando ofereço o meu perdão a alguém, estou deixando transparecer Cristo na minha vida.

Jabesmar A. Guimarães

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