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Como Ouvirão!

Capítulo I – Introdução
Capítulo II – As Duas Revelações de Deus para o Homem
Capítulo III – A Finalidade das Duas Revelações
Capítulo IV – A Situação dos Povos Não Alcançados
Capítulo V – A Solução para Estes Povos
Capítulo VI – Conclusão
Capítulo VII – Apêndice
Capítulo VIII – Notas
Capítulo IX – Bibliografia

Prefácio

O assunto que trataremos no presente livro é considerado desagradável por muitas pessoas com as quais tenho conversado. Contudo, é um assunto de extrema urgência e que necessita ser exposto com clareza. Em questões delicadas como a que veremos, são muitas as vozes que se levantam tentando dar soluções das mais variadas. Nestas horas devemos nos voltar para a Palavra de Deus, pois ela, somente ela, nos pode conduzir a toda a verdade.

Durante algum tempo relutei em aceitar esta verdade. Por fim, depois de muita oração e estudo bíblico, acabei me rendendo à evidência bíblica; como cristão não tive outra alternativa.

Como homem, finito que sou, não ouso questionar o Todo Poderoso Senhor Eterno, nem posso questionar Sua bondade e justiça. Não sou nada, Ele é tudo; não sei nada, Ele é todo sabedoria; sou homem, Ele é Deus.

Meu sincero desejo é que este pequeno trabalho possa levá-lo a uma profunda e sincera reflexão quanto à questão dos povos não alcançados. Espero que seu guia nesta reflexão seja a Bíblia e não seus sentimentos. Sentimentos mudam, a palavra de Deus permanece eternamente.

Capítulo I – INTRODUÇÃO – [ Índice ]

Quando se fala em alcançar com o evangelho aqueles que nunca ouviram a respeito da salvação que há unicamente na pessoa de Jesus Cristo, somos logo confrontados com justificativas segundo as quais não deveríamos nos envolver com o trabalho missionário entre os povos não alcançados. Eis algumas das mais comuns:

  1. Há muitos perdidos aqui mesmo. Trabalhemos primeiro aqui e depois, que os de perto forem salvos, pensaremos nos de longe;
  2. Primeiro temos que evangelizar “nossa Jerusalém”;
  3. É muito difícil enviar um missionário, somos pobres e não temos dinheiro para tanto;
  4. Há tantos lugares aqui mesmo em nosso estado sem os “nossos princípios”, para que então evangelizar outros povos?
  5. Meu irmão, não se preocupe com isto! Quem nunca ouviu é inocente, por isso não vai para o inferno;
  6. Eles são salvos por observarem a criação de Deus. Afinal, o Salmo 19 diz que “os céus proclamam a glória de Deus”.

Todas estas justificativas são fruto de uma má compreensão daquilo que a Bíblia fala sobre missões. As quatro primeiras derivam-se de uma visão extremamente limitada da tarefa missionária da Igreja. Uma delas (a terceira) demonstra uma falta de confiança no Deus que supre todos os recursos para a expansão da Sua obra. Demonstram, também, uma maior preocupação em implantar nossos “santos” princípios denominacionais, do que fazer conhecido em toda a Terra o nome de Jesus. É bom termos em mente que o nosso chamado primordial é para pregar a salvação em Cristo Jesus e não nossos princípios eclesiásticos.

A quinta “desculpa” pode ser respondida até mesmo pela lógica. Se a “inocência” por não ter ouvido fosse base para a salvação, a questão da queda e conseqüente perdição seria facilmente resolvida. Deus deixaria a humanidade na mais completa ignorância quanto à sua condição espiritual e todos, por não saberem, seriam salvos. Ele nem precisaria ter passado o terrível desconforto de ver o seu Filho amado morrer na cruz. Jesus também não precisaria ter se feito homem e sofrido o escárnio, açoites, e, por fim, o horror da cruz.

A cruz foi o acontecimento mais horrendo, terrível e cruel da história. Se houvesse qualquer outro meio, um único, por menor que fosse, Jesus a teria evitado. Se houvesse qualquer outro caminho que pudesse substituir o Calvário, Ele o teria trilhado. Se fez-se necessária a morte do Filho de Deus pelos pecados da humanidade é porque não havia, em todo o universo, outra possibilidade de salvação para nós, pecadores.

Todas as justificativas são infundadas, porém, as duas últimas são as mais perigosas, pois tem levado os cristãos a um profundo comodismo em relação aos povos não alcançados. Se isso não fosse, por si só, um mal terrível, as duas, quando examinadas com a devida atenção, se mostram totalmente destituídas de qualquer apoio bíblico. Veremos, mais à frente, que não há sequer um homem inculpável em todo o mundo e que a criação não leva ninguém à salvação, à vida eterna.

Capítulo II – AS DUAS REVELAÇÕES DE DEUS PARA O HOMEM – [ Índice ]

A Bíblia nos fala de duas revelações com as quais Deus presenteou o homem. Um dos lugares onde as duas são claramente mencionadas é no Salmo 19. A primeira é sua vasta criação, também conhecida como REVELAÇÃO GERAL. A segunda é sua SANTA PALAVRA (a Bíblia), também conhecida como REVELAÇÃO ESPECÍFICA. Vejamos algo sobre elas:

a. Revelação Geral (Sl 19:1-6; Rm 1:19,20)

Definição: “Revelação geral é o auto-descobrimento não proposicional (não escrito) da pessoa de Deus através de sua criação, por todos os homens. Além disso, os meios da revelação geral incluem:

  1. A criação (natureza) (Sl 19:1-6; Rm 1:18-21);
  2. A providência (Mt 5:45; At 17:24-28);
  3. A consciência do homem (Gn 1:26; Rm 2:1, 14-16);
  4. O raciocínio (Rm 1:20-22,25).” 1

Tem se afirmado que a revelação geral pode, por si só, levar o homem a uma reconciliação com o Deus Eterno. Mas esta afirmação não tem base bíblica. Surge então uma pergunta: “Pode uma pessoa conhecer algo acerca de Deus através da criação?” A resposta bíblica é: “Sim”. Porém este conhecimento é apenas intelectual, sendo, portanto, insuficiente para levá-la a um relacionamento pessoal e à reconciliação com Ele.

b. Revelação Específica

Definição: “O auto-descobrimento proposicional da pessoa e da mensagem de Deus por vários meios e para vários homens na história, que foi gravado (se não exaustivamente, suficientemente) como conteúdo das Escrituras.” 2

Da parte de Deus há somente estas duas revelações, sendo que, somente uma delas é capaz de levar o homem a ser salvo da perdição eterna do inferno.

Isto é o que passaremos a observar a partir do próximo capítulo.Para tanto, se faz necessário que aqueles que realmente buscam compreender a Palavra de Deus, leiam estes capítulos com redobrada atenção e um coração sincero diante de Deus.

Capítulo III – A FINALIDADE DAS DUAS REVELAÇÕES – [ Índice ]

Segundo o texto de Romanos 1:20,21, a criação toda manifesta a existência de Deus. “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim como o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidas por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso indesculpáveis; porquanto tendo conhecimento de Deus não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes tornaram-se nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (grifo próprio).

Como podemos ver, a criação não deixa de levar o homem a pensar em um criador, mas, apesar disso, ele não tendo ouvido (Rm 10:14) nada a respeito da pessoa desse criador, passa a praticar a idolatria, atribuindo glória à criatura (homens, animais e, até mesmo, a objetos). Continuando o texto de Romanos lemos: “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis” (Rm 1:22,23).

Temos ainda, nas Escrituras, outro exemplo muito rico e claro da incapacidade do homem reconciliar-se com Deus através da criação. Na sua primeira viagem missionária, Paulo e Barnabé chegaram a uma cidade chamada Listra e logo começaram a anunciar o evangelho. Num determinado dia, Paulo operou um milagre, curando um homem paralítico.Tal feito levou os licaônicos à tentativa de adorá-los:

Para eles, os dois missionários eram os deuses Júpiter e Mercúrio. Tal tentativa levou os missionários a um discurso com o intuito de impedir que eles os adorassem.

Disseram: “Senhores, por que fazem isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs (a idolatria) vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo que há neles; o qual nas gerações passadas permitiu que os povos andassem nos seus próprios caminhos; contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo os vossos corações de fartura e alegria. Dizendo isso, foi ainda com dificuldade que impediram as multidões de lhes oferecer sacrifícios” (At 14:15-18 – parêntese e grifo próprio).

Neste episódio temos mais um exemplo bíblico da incapacidade do homem ser levado a adorar ao Deus vivo através da revelação geral ¾ a criação. Os Missionários afirmam que Deus “não se deixou ficar sem testemunho”, testemunho este dado através das coisas por Ele criadas (v. 15) e da provisão alimentar para seus corpos físicos (v. 17). Todavia, apesar de todo o testemunho deixado por Deus, eles não O adoravam.

Façamos algumas perguntas que são de suma importância para o esclarecimento da situação espiritual do povo licaônico:

  • Era a Deus que eles adoravam?
  • O templo que estava defronte à cidade era para o culto ao Senhor, o Deus Eterno?
  • É mencionado algum sacerdote do Senhor no texto?
  • Seria ao Senhor que eles ofereciam seus sacrifícios?

A resposta a todas estas perguntas é um sonoro NÃO! Como afirma Paulo, eles “mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, …adorando e servindo a criatura em lugar do criador” (Rm 1:23,25 – grifo próprio).

“Desde o sol, adorado pelos índios quechuas, dos andes, até ao inseto “louva-a-deus”, reverenciado pelos hotentotes, quase não há objetos debaixo do céu que não tenham sido usados como ídolos. Os quechuas, acima citados, também selecionaram como totenes onças, condores, serpentes e montanhas.

Os objetos de louvor dos índios hopi são bonecos chamados “kachina”, feitos em modelos geométricos, para representarem os espíritos dos antepassados do clã. Eles também fazem varetas de pau, colados com penas de pássaros, para então lhes despejarem farinha de milho e orarem pedindo as bençãos dos deuses”. 1

Este é apenas um pequeno exemplo da idolatria que reina entre os povos não alcançados. Se fôssemos alistar todos os ídolos e deuses (demônios) os quais estes povos adoram, teríamos que escrever um livro de muitas páginas, o que não é nosso propósito no presente trabalho.2

Quando Adão escolheu (usando seu perfeito livre arbítrio) dar ouvido à insinuação de Satanás (que ele ¾ Adão ¾ poderia tornar-se como o próprio Deus) e se rebelou contra Deus, caiu da posição que ocupava, tornando-se pecador. A partir de então todos já nascem debaixo da maldição do pecado e todas as áreas das suas vidas sofrem a influência do maligno. Ele tem influenciado todos os povos e tentado apagar de suas mentes qualquer lembrança do Criador. Mas, graças a Deus, ele não tem obtido 100% de sucesso.

Don Richardson, no seu livro O Fator Melquisedeque, cita vários fatores culturais de povos não alcançados que ele intitula de “redentores”. Para um leitor desatento ele parece afirmar que estes inúmeros povos, cuja tradição preservou aspectos que facilitam a aceitação do evangelho, pudessem ser salvos pela tradição em si. Porém, vejamos o alerta que ele deixa para seus leitores:

“Por esta razão, proponho que estes aspectos particulares da tradição mbaka sejam descritos como “redentores” e não “salvadores!” “Redimir” significaria que o povo mbaka não poderia entrar em comunhão com Deus através de suas próprias tradições, em separado do evangelho. “Redentor”, neste contexto, significaria “contribuir para a redenção de um povo, mas sem culminá-la”.

“A tradição redentora” contribui para a redenção de um povo apenas por facilitar sua compreensão do sentido dessa redenção.” 3

Feitas as observações acima, prossigamos em observar mais detidamente outro texto bíblico que fala da revelação geral; o Salmo 19.

Antes porém, se faz necessário uma observação importante: O Salmo 19 é um todo. Não podemos simplesmente olhar os versículos de um a seis (1-6) e ignorar o restante, como alguns tem feito. Devemos olhar para ele como um todo, evitando mutilá-lo, pegando o que nos interessa e descartando sorrateiramente o restante. Temos que ter a honestidade de aceitar todo o seu conteúdo, pois todo ele é palavra revelada de Deus. O referido salmo fala sobre os dois tipos de revelação por parte de Deus. Os versículos de um a seis (1-6) falam da revelação geral; os versículos de sete a onze (7-11) falam da revelação específica, e os de doze a quatorze (12-14) falam de aspectos relativos a pecado, confissão, pedido de proteção e do desejo de ser agradável ao Senhor.

É interessante notar que quando fala da criação (vs.1-6), o salmista não indica que ela produza alguma mudança ou transformação no coração, no homem interior. Até ao versículo seis, nada há registrado que nos leve a concluir que o homem, através de observar as maravilhas da criação, possa ser transformado da sua condição espiritual de criatura caída e, portanto, perdida.

Porém, quando começa a falar da Lei do Senhor (Torá = lei, instrução, direção preceito), ele passa a descrever minuciosamente os seus grandes e maravilhosos efeitos sobre o ser humano. Vejamos com que riqueza de detalhes Davi descreve esta atuação da palavra de Deus no homem: “A lei do Senhor é perfeita, e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices. Os preceitos do Senhor são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e ilumina os olhos. O temor do Senhor é límpido, e permanece para sempre; os juízos do Senhor são verdadeiros e todos igualmente justos. São mais desejáveis do que o ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos. Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar há grande recompensa” (Sl 19:7-11 – grifo próprio).

Assim sendo, vejamos algo que nos ajudará a entender melhor esta questão:

  • O que restaura a alma? A criação? Não! A lei do Senhor.
  • O que dá sabedoria aos simplices? A criação? Não! O testemunho do Senhor.
  • O que alegra o coração? A criação? Não! Os preceitos do Senhor.
  • O que ilumina os olhos? A criação? Não! O mandamento do Senhor.
  • O que admoesta o homem? A criação? Não! Mas, sim, os juízos do Senhor.

E, além de tudo isto, há grande recompensa para os que os guardam.

Como podemos ver, o temor ao Senhor não vem através da criação e sim pelo conhecimento da sua palavra. É através dela que o homem toma conhecimento da pessoa e obra do senhor Jesus. Conquanto a criação sirva para deixar o homem indesculpável perante Deus (Rm 1:20b), não encontramos nenhum apoio bíblico para a afirmação de que as coisas criadas levem o homem a adorar o Deus Eterno e à salvação da perdição no inferno.

Diante da insistência dos defensores da salvação através da observação da criação, devemos pedir que nos respondam biblicamente as seguintes perguntas:

  1. Como pode o homem chegar ao conhecimento do seu estado de rebeldia contra Deus, através de observar a criação?
  2. Como pode o homem chegar ao conhecimento da sua real condição de pecador caído, através de observar a criação?
  3. Como toma ele conhecimento da sua urgente necessidade de se reconciliar com Deus, observando a criação?
  4. Como chega ele ao arrependimento, confissão e abandono dos pecados, apenas observando a criação? E por último:
  5. Como o pecador é reconciliado com Deus através das coisas criadas?

São perguntas seríssimas que carecem de respostas urgentes, respostas estas, com boa fundamentação nas Sagradas Escrituras. Uma coisa é fazer ousadas asseverações acerca da salvação sem Jesus, outra totalmente diferente é comprová-las biblicamente. Isto é impossível de se fazer, e todos que o tentaram caíram em falácias vazias.

No capítulo seguinte, veremos qual a real condição espiritual dos povos que ainda não conhecem nada a respeito do Senhor Jesus Cristo. Existem inocentes em relação ao pecado original?

Capítulo IV – A SITUAÇÃO DOS POVOS NÃO ALCANÇADOS – [ Índice ]

A Bíblia é clara ao afirmar que “todos pecaram” (Rm 3:23) e nisto não há exceção. Todos os homens nascidos da união de um homem e de uma mulher (isto exclui o Senhor Jesus Cristo) estão na condição de pecadores caídos e em total rebeldia contra Deus. Quando Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, diz que todos pecaram, estão incluídos pretos, brancos, amarelos, vermelhos etc. Logo, para Deus estão todos mortos nos seus delitos e pecados (Ef 2:1,5) e, portanto, perdidos eternamente. Esta é a condição de todos aqueles que ainda não se renderam a Jesus; quer tenham ou não ouvido! O homem não é pecador porque peca, mas peca por já ter nascido pecador (Sl 51:5). Deus já havia revelado a Salomão esta verdade. Ele diz: “Não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e que não peque” (Ec 7:20).

Como disse Moody: “Se Deus tirou, ou melhor, expulsou Adão do Paraíso terrestre por um só pecado, crêem os senhores que Ele nos deixará entrar no céu, conservando ainda os milhares de pecados em nossas vidas, e sem apelarmos para a expiação do nosso Senhor Jesus Cristo?” Alguém já disse, tentando exemplificar a situação espiritual do homem natural: “O mais limpo não é aquele que não se suja, mas sim aquele que se limpa.” E só quem pode limpar o homem da mancha do pecado é o Senhor Jesus.

Paulo, querendo mostrar a condição espiritual de todos os seres humanos, escreveu: “Como está escrito: Não há um justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, a uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca eles a tem cheia de maldição e de amargura; são o seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos há destruição e miséria; desconhecem o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos” (Rm 3: 10-18 – grifo próprio).

Esta é a terrível, mas real, situação da humanidade sem Cristo. Esta citação do Antigo Testamento nos mostra que todos, sem exceção, são pecadores e, portanto, injustos. “…pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado” (Rm 3:9). Nesta passagem da carta aos romanos, os homens são comparados a sepulcros (túmulos) abertos. Isto indica que toda sua podridão espiritual está exposta aos olhos de Deus. Diga-se de passagem que a visão de um sepulcro aberto não é das mais agradáveis. Os que já tiveram a desagradável oportunidade de assistir à abertura de um sepulcro ou mesmo à exumação de um cadáver, hão de concordar comigo. Isto sem falar nos outros itens citados pelo apóstolo, que mostram a total prostração na qual o homem se encontra. Ele está totalmente vencido pelo pecado. Já recebeu o xeque-mate e só Jesus o pode livrar desta terrível situação.

Foi nesta terrível condição que a queda deixou a humanidade. Devido a isso, o homem não se encontra, no seu estado natural, em condições de ser aceito por Deus. A entrada do pecado no mundo foi o acontecimento mais terrível de toda a história da humanidade. Disto resultou todo o tipo de coisa ruim que podemos observar no decorrer da história, até hoje.

Por isso lemos no profeta Isaías que: “…todos nós somos como o imundo e todas as nossas justiças como trapo da imundícia” (Is 64:6). Quem de boa vontade aceitaria uma apetitosa maçã ou mesmo uma apetitosa fatia do seu bolo preferido das mão putrefatas de um leproso? Creio que ninguém! Haja vista estão contaminadas pela doença. Também pesa o fato de que a lepra faz a pessoa apodrecer aos poucos, dando-lhe um aspecto desagradável. Da mesma forma Deus não aceita as “justiças” daqueles que não passaram pelo “lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3:5). O livro de Provérbios afirma categoricamente que até mesmo a lâmpada (revista e atualizada) ou a lavoura (revista e corrigida) dos perversos é pecado (Pv 21:4). Portanto, a conclusão a qual se chega é que tudo o que o homem sem Cristo faz, até mesmo coisas aparentemente boas, estão contaminadas pela terrível mancha do pecado.

Todo os homens sem Cristo passarão por julgamento e já estão em estado de condenação eterna (Jo 3:18). Lemos isto em Romanos 2:11-16: “Porque para com Deus não há acepção de pessoas. Assim todos os que pecaram sem lei, também sem lei perecerão; e todos que com lei pecaram, mediante lei serão julgados. Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Quando pois os gentios que não tem lei, procedem por natureza de acordo com a lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada nos seus corações, testemunhando-lhes também a consciência, e os seus pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se; no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, em conformidade com o meu evangelho” (grifo próprio).

“Paulo observou que os gentios freqüentemente se comportavam como se estivessem obedecendo à lei de Moisés, quando de fato jamais tinham ouvido falar de Moisés ou de sua lei! Como isso podia acontecer? Perguntou ele. Mais tarde, o Espírito de Deus guiou Paulo a uma resposta surpreendente: “Quando pois os gentios que não têm lei, procedem por natureza em conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos” (Rm 2:14). Isso na realidade não basta, mas é muito melhor que não ter lei alguma!

Paulo continua: “Não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada nos seus corações, testemunhando-lhes também a consciência, e os seus pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se”.

Salomão, …discerniu que Deus “pôs a eternidade no coração do homem” (veja Ec 3:11). Agora, o apóstolo acrescenta que Deus também escreveu as exigências da lei no mesmo lugar!

O homem não-regenerado é duplamente perseguido! Primeiro, ele sente a eternidade, em direção a qual se move. A seguir, descobre em seu próprio coração uma lei que o condena a não atingir seu destino eterno!

Não é de admirar que Paulo tenha escrito em outro ponto: “Ai de mim se não pregar o evangelho” (ICo 9:16). Nada mais pode dar fim a esta dupla perseguição do homem!” (Grifo próprio).1

Aquele que ouviu de Jesus será julgado levando em conta a oportunidade que teve e desprezou. Aqueles que nunca ouviram serão julgados, tendo a seu favor o fato de não terem ouvido. Contudo, segundo o texto, perecerão (Rm 2:12).

Porém, se o princípio encontrado em Lucas 12:48:”Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez cousas dignas de reprovação, levará poucos açoites. Mas aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão”. Se este princípio, como já dissemos, pode ser ligado a Romanos 2:12, poderíamos afirmar que haverá graus de punição para os perdidos. Quem teve muitas oportunidades terá castigo mais severo; quem teve poucas, castigo menos severo, e quem não teve nenhuma, castigo ainda mais brando.

Foi o próprio Senhor Jesus quem disse aos seus discípulos que haveria menos rigor para as terríveis pessoas das cidades de Sodoma e Gomorra no dia do juízo, do que para aquelas que não os recebessem (os discípulos) e nem dessem ouvido às palavras deles (cf. Mt 10:15; Lc 10:10-12). Ele chega a citar nominalmente três cidades como merecedoras de mais rigor por desprezarem seus sinais miraculosos, e cita outras três, que receberão menos rigor, por não terem tido as oportunidades que as três primeiras tiveram.

Para que isto fique bem claro em nossas mentes, leiamos este episódio: “Passou, então, Jesus a increpar as cidades nas quais ele operara numerosos milagres, pelo fato de não se terem arrependido. Ai de ti Corazim! Ai de ti Betsaida! Porque se em Tiro e Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que eles se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E contudo vos digo: No dia do juízo haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outros. Tu, Cafarnaum, elevar-te-as, porventura, até ao céu? Descerás até ao inferno; porque se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá no dia do juízo para com a terra de Sodoma, do que para contigo” (Mt 11:20-24; cf. Lc 10:13-14 – grifo próprio). As mesmas afirmações são feitas a respeito da rainha do norte e de Nínive.

Fica claro que haverá graus de rigor para todos os perdidos. Porém, não cabe a nós o fazer asseverações ousadas sobre os pormenores da punição para estes homens. Convém ir somente até onde a Bíblia nos permite. É importante frisar que, esta atenuante sobre os graus de rigor, não deve nos levar a continuar acomodados quanto à pregação do evangelho aos povos não alcançados. Vale lembrar que o “melhor” lugar no inferno é infinitamente pior que o lugar mais “humilde” no céu.

Capítulo V – A SOLUÇÃO PARA ESTES POVOS – [ Índice ]

Como hoje, na época de Paulo havia muitos povos sem a presença do testemunho do evangelho de Jesus Cristo. Paulo sabia que a única solução para eles estava na bendita pessoa de Jesus Cristo e sua obra salvadora. Ele escreve em Romanos 10:9, 10, 13: “Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para a justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação. …Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo.” Mas Paulo não pára aqui e começa a fazer uma série de perguntas que nos colocam contra a parede.

Continua ele: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem nada ouviram? e como ouvirão se não há quem pregue? e como pregarão se não forem enviados? …Assim, a fé vem pelo ouvir e ouvir da palavra de Cristo (Rm 10:14, 15a, *17 – grifo próprio).

A resposta às perguntas do apóstolo é uma só: É impossível! É impossível invocar aquele em quem não creram. É impossível crerem em Jesus se não ouviram nada a seu respeito. É impossível que ouçam o evangelho se ninguém for lhes falar. A não ser que as igrejas enviem missionários para levar-lhes as boas novas, que Jesus veio ao mundo e efetuou a obra da salvação, continuarão ignorando tão grande bênção.

Fica claro então, que é impossível ao homem chegar ao conhecimento de Jesus sem que alguém lhe fale acerca disto. “E como pregarão se não forem enviados?” É papel da igreja providenciar treinamento, envio de missionários até estes povos e sustento para o missionário no campo(cf. At 13:1-3 – ver apêndice 1). A não ser que alguém lhes seja enviado, eles nunca ouvirão da salvação que só há na pessoa do Senhor Jesus.

Pedro afirma: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos ” (At 4:12). Em I Timóteo lemos: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (ver também: At 5:31; 13:23; Fp 3:20; ITm 1:10: Tt 1:4, 2:13, 3:6; IIPe 1:1, 2:20, 3:18; IJo 4:14; Jd 25). Se não lhes falarmos acerca deste único salvador, continuarão nas suas práticas abomináveis (animismo, idolatrias, feitiçarias, satanismo etc.), permanecendo em estado de condenação eterna.

A Bíblia nos mostra que mesmo os santos do antigo Testamento foram salvos por confiarem nas promessas de Deus acerca da vinda do Messias. Isto implica que mesmo na Dispensação da Lei ninguém foi salvo por ela, e sim por Jesus. Visto que homem nenhum conseguiu guardar integralmente a lei, fazendo-se assim maldito (Gl 3:10; Tg 2:10), nenhum homem foi justificado pela lei.

Tomemos Abraão e Moisés como exemplo. Paulo afirma que Abraão foi justificado pela fé e não por obras da lei, pois ela (a Lei) veio somente 430 anos depois dele. Abraão cria que um dia viria o Messias, o Cristo de Deus. Isso o livrou da perdição eterna. Pela fé Abraão viu o dia que Cristo viria ao mundo. Foi o próprio Jesus (antes da crucificação) que afirmou esta verdade maravilhosa. Disse ele aos judeus: “Vosso pai Abraão alegrou-se por ver o meu dia, viu-o e regozijou-se” (Jo 8:56). Mais interessante ainda é o que o escritor aos hebreus afirma acerca de Moisés. Aliás, fica claro e patente em quem Moisés depositava sua fé.

Leiamos Hebreus 11:14-26: “Pela fé Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus, a usufruir os prazeres transitórios do pecado; porquanto considerou o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplava o galardão” (grifo próprio). Porém, como é do nosso conhecimento, na época de Moisés, o Cristo ainda não havia se manifestado corporalmente aos homens. Como então Moisés pode preferi-Lo às riquezas e pompas do grandioso e poderoso Reino Egípcio? Certamente, Moisés havia tomado conhecimento da promessa feita por Deus de que um dia viria Aquele que esmagaria a cabeça da serpente (Gn 3:15) e decidiu pôr sua confiança nEle. Assim sendo, podemos crer que não só Moisés, mas vários outros também apegaram-se às promessas de Deus que um dia o Messias viria para redimi-los dos seus pecados. Era uma fé que olhava para frente e confiava inteiramente nas promessas divinas (ver Hb 11:113,14; IPe 1:10-12).

Jesus mesmo abençoou estes homens do passado que, mesmo sem vê-lo, creram nEle. Confirmando assim a idéia expressa na carta aos hebreus. Quando o duvidoso Tomé viu Jesus ressurreto e creu, ouviu dEle as seguintes palavras: “Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram, e creram” (Jo 20:29).

Segundo o que temos visto, fica claro e patente que a salvação só se dá mediante a fé na pessoa bendita de Jesus Cristo. Portanto, tentar apontar outro caminho, além do que foi posto por Deus , tentando dar um “jeitinho” para a nossa desobediência ao Ide de Jesus, é um erro que traz conseqüências GRAVES E ETERNAS: Para nós, porque nos fazemos omissos em relação à obra missionária; para eles porque continuarão a caminhar nas trevas da perdição.

* Tradução própria (somente versículo 17).

Capítulo VI – CONCLUSÃO – [ Índice ]

Algumas igrejas têm caído no erro de acharem que por terem uma semana anual (ou que seja um mês) dedicada ao estudo do assunto Missões, já se desincumbiram da sua responsabilidade no “Ide” de Jesus. Estão totalmente enganadas! “Missões” não é assunto para uma semana (ou que seja um mês) por ano. Deve sim, ser a preocupação de todo o ano. De que adianta ter uma semana com estudos bíblicos sobre missões, informações e mais informações acerca do campo missionário, se não estamos dispostos a obedecer o “Ide por todas as nações”? Isto é sério, muito sério! Pois quem sabe que deve fazer e não faz, traz sobre si maior responsabilidade.

O maior exemplo de missionário que temos é o próprio apóstolo Paulo. Ele tinha estas verdades profundamente arraigadas no seu coração e isto o levou a investir sua vida em proclamar a salvação por meio de Jesus Cristo. Porém ele tinha uma prioridade. Ele sabia que a prioridade urgentíssima era alcançar aqueles que nada sabiam acerca de Jesus. Diz-nos ele em Romanos 15:20, 21: “Esforçando-me deste modo para pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio; antes, com está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não tiveram notícia dele, e compreendê-lo os que nada tinham ouvido a seu respeito” (grifo próprio).

Este foi o principal propósito de Paulo, e este deve ser nosso propósito no presente século. Devemos somar forças para alcançar tais povos. Cada liderança deve levar sua igreja local a buscar a Deus no desejo de saber como Ele a quer usar neste grande empreendimento espiritual (digo liderança porque, normalmente, a igreja é um reflexo daqueles que a lideram). E pode estar certo de uma coisa, caro leitor: Deus quer usar a sua igreja local neste ministério!

Isto não quer dizer que não devamos evangelizar os que nos rodeiam, pois isto também faz parte do nosso serviço ao Mestre. Eles também precisam de Jesus. Contudo, olhando do ponto de vista do número de oportunidades, eles as têm aos montes. A maioria das cidades brasileiras têm bem mais que uma igreja evangélica onde é pregada a salvação única e exclusivamente na pessoa de Jesus. Além disso, temos pregações no rádio, nas praças, nos ginásios e estádios, literatura aos borbotões e cristãos que testemunham nos locais de moradia, estudo e trabalho. Enquanto aqui as pessoas tem tantas oportunidades e as desprezam, há lugares onde é impossível ouvir sobre a verdadeira salvação.

Segundo os missiólogos, se a situação continuar, chegaremos ao ano 2.000 com aproximadamente três bilhões (3.000.000.000) de pessoas sem um único contato com o evangelho. Parece incrível que quase dois mil anos após a ordem de Jesus, ainda haja tantas pessoas nesta terrível situação. Porém, é a mais pura e vergonhosa verdade.

Já se vão quase dois mil anos que a Igreja aguarda a volta do seu Senhor. Ele está às portas, mas ainda há este grande número de pessoas que ainda não O aceitaram como seu salvador simplesmente por não O conhecerem.

O nosso chamado é para testemunhar “…tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1:8 – grifo próprio). Tanto como (ou mais acertadamente, “tanto quanto”), transmite a idéia de simultaneidade. É aqui e lá ao mesmo tempo. Não podemos fazer um, e simplesmente omitir o outro, pois meia obediência não passa de desobediência. Esta é a abrangência da tarefa missionária que nos foi dada. Cabe a nós, como Igreja de Cristo, esforçarmo-nos ao máximo para cumpri-la.

Diante destas verdades, o que deve pesar em nossos corações é a terrível situação daqueles que não têm tido uma única oportunidade de ouvir sobre Jesus. Daqueles em cujos ouvido nunca soou o doce nome do Filho de Deus.

Ainda hoje ressoa a inquietante pergunta do missionário aos confins da terra: “COMO OUVIRÃO SE NÃO HÁ QUEM PREGUE?”

Capítulo VI – APÊNDICE – [ Índice ]

Por: Carlos Osvaldo Cardoso Pinto – SBPV

O Que a Bíblia Ensina Sobre os Não-Alcançados?

Os últimos dez anos viram um tremendo aumento de interesse por missões e participação na tarefa missionária por parte da Igreja brasileira. Centenas de missionários brasileiros varreram o globo terrestre implantando igrejas, discipulando, “fazendo tendas” e buscando cumprir a Grande Comissão. Isso é o que deveria ser desde há muito tempo. O COMIBAM, em 1987, foi o despertador histórico de que a Igreja brasileira precisava. No entanto, nas escolas de teologia, nos bancos das igrejas e, pior de tudo, nos púlpitos das igrejas, a idéia de que a evangelização dos não-alcançados é necessária e urgente continua a ser forte e freqüentemente contestada.

A isso corresponde a postura pós-moderna da sociedade em geral, para quem os absolutos foram abolidos e qualquer questão de fé passou a ser inviolavelmente individual, sem direito a proselitismo e conversão. O neo-panteísmo promovido acintosamente pela mídia secular sob forma de novelas, anúncios, filmes e “especiais” também contribui para incitar a pergunta: “Não é melhor deixar os adeptos de religiões naturais aos cuidados de seus próprios deuses e espíritos?”

Mesmo entre os chamados evangélicos conservadores começam a surgir vozes questionando a pregação de um tormento eterno para os perdidos, especialmente para os que jamais ouviram a pregação do evangelho. Punição temporária, seguida de extinção, parece ser a opção mais popular entre os que rejeitam o conceito de um inferno eterno como incompatível com a natureza amorosa de Deus.

A situação é de tal modo confusa que numa recente conferência missionária promovida por organizações teologicamente conservadoras somente 37 por cento dos entrevistados criam que “uma pessoas que nunca tenha ouvido o evangelho está eternamente perdida.” Por outro lado, 25 por cento criam que “uma pessoa será salva ou perdida com base em quão bem seguiu a verdade que conhecia”.

Tais questionamentos revelam um enorme desafio a toda a estrutura teológica conservadora. O quadro abaixo resume as diversas áreas da teologia que ficam comprometidas se essas dúvidas não forem sanadas com respostas bíblicas e relevantes.

Questionamentos e Respostas
QuestionamentoPergunta feitaDoutrina atacada
A necessidade da BíbliaA Natureza não é suficiente?Bibliologia
O caráter de DeusDeus é justo?Teologia Própria
A singularidade de CristoSerá Ele o único caminho?Cristologia
A obrigatoriedade da cruzA morte de Cisto foi necessária?Soteriologia
A necessidade do homemSerá ele pecaminoso por natureza?Antropologia
A natureza do pecadoExistem absolutos morais?Hamartiologia
A necessidade da IgrejaEla é a única agência de redençãoEclesiologia
A culminância da HistóriaHaverá um juízo e uma retribuiçãoEscatologia

Em meio a esse quadro, é extremamente importante lidar com passagens bíblicas que versem sobre a revelação natural e seu papel. Podem os crentes descansar no fato de que a Natureza fornece um testemunho adequado de Deus? Podem eles aceitar o desafio de deixar que cada povo crie ou mantenha seu próprio conceito da Divindade, sem imposições de missionários cujas atividades transculturais sejam uma versão moderna do colonialismo? Serão válidos todos os conceitos de redenção, da pura extinção ao desfrute pessoal e consciente da presença de Deus?

Um exame de passagens neo-testamentárias relevantes a essa questão será oferecido, para que o leitor estabeleça suas próprias convicções sobre esse palpitante assunto.

Romanos 1.18-32

18 A ira de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça; 19 porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. 20 Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; 21 porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. 22 Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos 23 e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. 24 Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si; 25 pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo a criatura em lugar do Criador, o qual é bendito eternamente. Amém! 26 Por causa disso, os entregou Deus a paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário à natureza; 27 semelhantemente, os homens também, deixando o contacto natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza, homens com homens, e recebendo, em si mesmos, a merecida punição do seu erro. 28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, 29 cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, 30 caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, 31 insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia. 32 Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem.

O que podemos aprender de útil para nossa perspectiva quanto aos não alcançados?

Primeiramente, que todos os homens têm acesso a alguma revelação de Deus. Não existe a chamada ignorância desculpável em relação a Deus, ainda que possa haver em relação a Jesus. Mesmo quem alegue essa última, não pode alegar a primeira.

Em segundo lugar, essa ignorância não é algo passivo e inocente. É deliberada e culpada; a ira de Deus se manifesta contra os que resistem à verdade pela injustiça (v. 18), contra os que não deram a Deus a glória devida, antes O reduziram à forma e aos atributos das criaturas (vv. 23, 25), sentindo-se assim à vontade para justificar suas práticas pecaminosas e continuar nelas. Deturparam o verdadeiro conhecimento que estava disponível e se alienaram deliberadamente de Deus. A idolatria que caracteriza a humanidade não é uma busca, mas uma fuga de Deus.

Assim sendo, ainda que “quem não crê no Filho” já esteja julgado (Jo 3.36), esta acusação última sequer precisará ser invocada contra aqueles que tiverem contra si a culpa prévia de haverem rejeitado ao Pai em sua revelação geral. Uma ilustração do triste dia a dia brasileiro pode nos ajudar a entender. Em 1993 assistimos chocados ao chamado “massacre de Vigário Geral”, em que 21 pessoas foram covardemente mortas por supostos policiais. Alguns desses criminosos já foram julgados e sentenciados. As sentenças chegam a 420 anos. Supondo que a pena tivesse que ser totalmente cumprida (o código penal brasileiro impede isso), nenhum dos condenados chegaria a pagar um quarto dos crimes cometidos. Os três primeiros assassinatos seriam suficientes para extinguir sua vida na prisão. A sentença total, 420 anos, permanece, embora apenas 60 anos (a culpa dos três primeiros) sejam suficientes para que vida pague com vida. Não conhecer a Cristo é a ofensa máxima, mas não conhecer a Deus (a primeira ofensa) é suficiente para condenar eternamente o homem que rejeita e distorce o conhecimento oferecido pelo próprio Deus a todos os homens em todo lugar e em todas as épocas.

Pensando em termos missionários, alcançar os não-alcançados é essencial para que eles tomem conhecimento de sua precária situação. É preciso que eles se convertam dos ídolos para o Deus vivo e verdadeiro, e que então se voltem para o Filho. Deixá-los em sua pseudo-harmonia com a natureza é condená-los irremediavelmente à perdição. É preciso que conheçam a Deus como Aquele que perdoa os pecados de quem nEle confia. É preciso que conheçam a Jesus como o agente único desse perdão.

Atos 14.11-17

11 Quando as multidões viram o que Paulo fizera, gritaram em língua licaônica, dizendo: Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós. 12 A Barnabé chamavam Júpiter, e a Paulo, Mercúrio, porque era este o principal portador da palavra. 13 O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trazendo para junto das portas touros e grinaldas, queria sacrificar juntamente com as multidões. 14 Porém, ouvindo isto, os apóstolos Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multidão, clamando: 15 Senhores, por que fazeis isto? Nós também somos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciamos o evangelho para que destas coisas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles; 16 o qual, nas gerações passadas, permitiu que todos os povos andassem nos seus próprios caminhos; 17 contudo, não se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas, enchendo o vosso coração de fartura e de alegria. 18 Dizendo isto, foi ainda com dificuldade que impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios.

Na ótica do pós-modernismo este é um dos incidentes mais lamentáveis de toda a Escritura, pois Paulo e Barnabé arrogantemente rejeitam a expressão espontânea e criativa de religiosidade do povo de Listra, em favor de conceitos abstratos que eles não podiam compreender. Paulo e Barnabé deveriam aceitar aquela concretização da vivência espiritual dos listrenses, pois Deus certamente teria Se agradado de sua sinceridade, e não a rejeitaria.

Se levarmos a Bíblia a sério, no entanto, o que esta passagem nos ensina?:

Primeiro de tudo, ela ensina o poder deturpador da idolatria sobre a mente humana. Embora homens em toda a parte, por natureza sejam feitos para Deus e anseiem por uma revelação dELe, por um encontro com Ele, no momento em que algo assim acontece, o Deus único é atomizado, dividido em vários, cada um representando um dos infinitos atributos eternos de Deus (o que os teria feito identificar Barnabé com Zeus [Júpiter]?).

Em segundo lugar, demonstra que o objetivo missionário de Paulo era converter os gentios idólatras ao verdadeiro Deus (note-se a ênfase teocêntrica do versículo 15), por meio do Evangelho. A humanidade tem que acertar suas contas com Deus; Ele é o objeto da nossa fé (cf. 1 Pe 1.21), e Sua revelação em Cristo [Sua encarnação, vida, morte, ressurreição e reino] é o conteúdo cognitivo dessa fé.

Em terceiro lugar, fala de uma paciência divina para com a obstinação humana de fazer caminhos que O ignorem e deformem pela idolatria (vv. 16-17). Essa paciência, todavia, não significa conivência com o pecado. O testemunho dado pela natureza e pela providência [a preservação e renovação divinas do universo em favor das criaturas] é um testemunho incriminador (conforme Paulo deixa claro em Romanos 1.18-32; ver acima).

Em quarto lugar, fala de um Deus benevolente para com o homem (v. 17). Seria contraditório afirmar a benevolência no plano material e questioná-la no plano espiritual. Que Deus esquizofrênico trataria bem o homem na terra para depois, injustamente, destruí-lo para sempre no inferno? O liberal e o ateu, que propõem a bondade da Natureza como alternativa para a bondade de Deus, pelo menos são coerentes quando negam a existência ou a necessidade de um inferno. A coerência impede que os chamados conservadores afirmem a bondade temporal de Deus e questionem Sua justiça punitiva. Se cremos que Deus é tão bom com os índios yanomamis, por exemplo, ao invés de questionar Sua justiça pela condenação eterna desses índios, devemos antes concentrar nossas energias espirituais em orar por um derramamento do Espírito entre eles, e contribuir para que isso seja possível, sustentando ali verdadeiros servos de Deus que os encaminhem à verdade.

Atos 17.22-31

22 Então, Paulo, levantando-se no meio do Areópago, disse: Senhores atenienses! Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos; 23 porque, passando e observando os objetos de vosso culto, encontrei também um altar no qual está inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio. 24 O Deus que fez o mundo e tudo o que nele existe, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em santuários feitos por mãos humanas. 25 Nem é servido por mãos humanas, como se de alguma coisa precisasse; pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais; 26 de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitação; 27 para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que não está longe de cada um de nós; 28 pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como alguns dos vossos poetas têm dito: Porque dele também somos geração. 29 Sendo, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade é semelhante ao ouro, à prata ou à pedra, trabalhados pela arte e imaginação do homem. 30 Ora, não levou Deus em conta os tempos da ignorância; agora, porém, notifica aos homens que todos, em toda parte, se arrependam; 31 porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.

Esta passagem claramente complementa as duas anteriores, na medida em que fala da possibilidade de conhecer a Deus (v. 27), à luz do fato de ele ter dado testemunho externo na criação (v. 24), na consciência humana de que somos criaturas dEle (v. 26) e dependentes dEle (vv. 26, 28), e na percepção de que sendo criaturas morais e volitivas, superiores às imagens que criamos de supostos deuses, não podemos tolerar nem promover a idolatria (v. 29), mesmo quando ela se aproxima da verdade (cf. o altar ao Deus Desconhecido, v. 23).

Note-se, também, como é crucial o conhecimento (v. 23). É possível adorar (i.e., reverenciar) sem conhecer; este último, porém, é o essencial. Sem ele, a adoração subjetiva, por mais fervorosa que seja, é inútil e condenatória, pois serve apenas como tentativa de subornar a um Deus que, por não ser conhecido, precisa ser aplacado como outra divindade qualquer.

Novamente, a paciência de Deus (v. 30) não é conivência, nem ignorância. As gerações passadas terão que prestar contas de sua rejeição da verdade e da idolatria que a seguiu. É necessário agora arrepender-se em relação a Deus, mas tal arrependimento precisa levar em conta Sua revelação em Jesus Cristo — precisa olhar de frente os fatos objetivos da cruz, da ressurreição e do juízo. Não é possível fazer, como fazem missionários católicos entre as tribos primitivas do Norte do Brasil, apenas uma adição — Deus acima dos espíritos da selva, dos espíritos dos mortos, das divindades astrais — como se o simples conhecimento da existência de Deus fosse suficiente para escusar a idolatria, a feitiçaria, a incredulidade, a promiscuidade, a violência e o constante terror em que vivem essas tribos.

Para Paulo, e para nós também, missões é um pacote fechado. Não podemos escolher a nosso bel-prazer os artigos doutrinários a serem transmitidos. Não podemos transigir com a singularidade, a exclusividade, e a inescapável necessidade do evangelho. Fazer isso seria incorrer na condenação de indiferença para com o drama dos não-alcançados, e de leviandade para com o infinito custo que o Deus trino pagou pela salvação dos homens.

Toda a Escritura nos fala de um Deus que ama demais para permitir que o homem se contente com qualquer amor que não Se sacrifique, com qualquer fé que dependa de quem não a merece, com qualquer esperança que seja menos que certeza. Poderíamos nós, evangélicos brasileiros, no final do século XX, nos contentar com menos que isso?

Capítulo VIII – Notas: – [ Índice ]

Capítulo I

  1. Arthur Johnston, “Focus Comment,” Trinity World Forum 1:3.
  2. O julgamento dos outros envolvidos está ocorrendo enquanto este apêndice está sendo escrito.

Capítulo II

  1. John Scott Horrel. “Bibliologia”. Apostila mimeografada da disciplina Teologia Sistemática. Seminário Bíblico Palavra da Vida, 1986;
  2. Ibid.

Capítulo III

  1. Barbara Burns, Décio de Azevedo e Paulo Barbero F. de Carminati. Costumes e Culturas, p. 60;
  2. Para uma pesquisa mais profunda sobre este aspecto leia: O Fator Melquizedeque e Costumes e culturas (ver informações sobre os livros na bibliografia);
  3. Don Richardson. O Fator Melquizedeque, p. 48.

Capítulo IV

  1. Don Richardson. O Fator Melquisedeque, pp. 91, 92.

Apêndice

  1. Howard Marshall, Atos Introdução e Comentário, p. 204;
  2. Jonh N. D. Kelly, I Timóteo Introdução e Comentário, p.p. 119, 120.

Capítulo IX – BIBLIOGRAFIA – [ Índice ]

  1. Burns, Barbara; Décio de Azevedo e Paulo Barbero F. de Carminat. Costumes e Culturas. São Paulo. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1988.
  2. Bíblia Sagrada. Edição Revista e Atualizada no Brasil. Rio de Janeiro, ImprensaBíblica do Brasil, 1969.
  3. Bíblia Sagrada. Edição Revista e Corrigida. Rio de Janeiro, Imprensa Bíblica Brasileira, 1972.
  4. Bruce, F. F. Romanos Introdução e Comentário. Traduzido por Odayr Olivetti. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições vida Nova e Associação Editora Mundo Cristão, 1991.
  5. F. J. Leenhardt. Epístola aos Romanos. Traduzido por Waldir Carvalho Luz. São Paulo, Associação dos Seminários Evangélicos, 1969.
  6. Kelly, Jonh N. D. I e II Timóteo e Tito Introdução e Comentário. Traduzido por Gordon Chown. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Editora Mundo Cristão, 1991.
  7. Marshall, I. Howard. Atos Introdução e Comentário. Traduzido por GordonChown. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Editora Mundo Cristão, 1980.
  8. Martin, Ralph P. Filipenses Introdução e Comentário. Traduzido por Oswaldo Ramos. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Editora Mundo Cristão, 1992.
  9. Morris, Canon Leon. I Coríntios Introdução e Comentário. Traduzido por Odayr Olivetti. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova e Associação Editora Mundo Cristão, 1192.
  10. O Novo Testamento, Nova Versão Internacional. São Paulo, Sociedade Bíblica Internacional, Junho de 1995.
  11. Pollock, John. O Apóstolo. Traduzido por João Barbosa Batista . São Paulo, Editora Vida, 1989.
  12. Richardson, Don. O Fator Melquisedeque. Traduzido por Neyd Siqueira. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1986.
  13. R.V.G. Tasker. Mateus Introdução e Comentário. Traduzido por Odayr Olivetti. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1980.
  14. The Greek New Testament. Edited By Kurt Aland, Mathew Black, Carlo M. Martini, Bruce M. Metzger, Allen Wik Gren. Stuttegart United Bible Societs, 1988.
  15. Dicionários, Enciclopédias e Periódicos.
  16. Chave Lingüistica do Novo Testamento. por Fritz Rienecker e Cleon Rogers. Traduzido por Gordon Chown e Júlio Paulo Tavares Zabatieiro. São Paulo, Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1988.
  17. Léxico do Novo Testamento Grego/Português. Por F. Wuilbur Gingnch e Frederick W. Danker. Traduzido por Júlio T. Zabatieiro. Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1986.
  18. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. por Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Rio de Janeiro, Editora Nova Fronteira, 1975.
  19. Horrel, John Scott. “Bibliologia”. Apostila mimeografada da disciplina Teologia.
  20. Material não Publicado.

Jabesmar A. Guimarães

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