No capítulo 15 do Evangelho segundo Lucas, Jesus fala da ovelha perdida, do dinheiro perdido e do filho perdido. Nas duas primeiras ocasiões tanto o dono da ovelha, como a dona da dracma, convidam os amigos para se alegrarem com eles por terem recuperado aquilo que haviam perdido.
Outro fato interessante é que ambos não haviam perdido tudo que possuíam. O dono da ovelha ainda possuía outras noventa e nove e a dona da moeda outras nove. Mas ambos se empenham para recuperar exatamente aquela única parcela dos seus bens que se havia perdido.
Depois de contar estas parábolas Jesus passa a falar de um ser humano que se perdeu nos intrincados caminhos da existência. Antes falara de um animal e de uma moeda, agora passa a falar de uma pessoa. Uma pessoa com a qual todos nós temos muito em comum. Leiamos Lucas 15:11-24 e juntos analisemos alguns fatos a respeito desta história:
“Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço, ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens, vivendo dissolutamente. Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande fome, e ele começou a passar necessidade. Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este o mandou para os seus campos a guardar porcos. Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam; mas ninguém lhe dava nada. Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm pão com fartura, e eu aqui morro de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus trabalhadores. E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se”
I. UMA DECISÃO PRECIPITADA (11-13a)
Jesus diz que um belo dia o nosso jovem decidiu exigir sua parte dos bens da família. Logo após ele faz sua primeira decisão radical, decide que está na hora de ser dono do próprio nariz e parte para um país distante levando todo o dinheiro que recebera.
Jesus não nos revela o que levou este jovem a tomar esta decisão tão radical, mas podemos supor alguns motivos tais como: insatisfação, rebeldia, arrogância, desobediência e, talvez, sede de liberdade, vontade de ser livre.
Chegando lá o texto nos diz que ele ficou…
II. VIVENDO UMA VIDA DISSOLUTA (ou, numa linguagem mais atual) “CURTINDO A VIDA” (13b)
Agora ele estava como queria. ENFIM A TÃO ALMEJADA LIBERDADE!! O jovem estava por conta própria, adeus sim senhor, adeus prestação de contas! “Vou onde quero, na hora que quero, fazer o que quero, com quem eu quero sem dar satisfação a ninguém!” “Isto sim é viver!” Devia dizer aquele jovem.
Jesus diz que ele DISSIPOU todos os bens, gastou toda a grana. Dissipar é o contrário de ajuntar. É o mesmo que esbanjar, botar fora.
Diz também que ele vivia DISSOLUTAMENTE. Isso significa que ele vivia de forma irresponsável, sem poupar nem dinheiro e nem seu corpo. Mas quem vive sem poupar vê o seu dinheiro acabar.
Assim ele passa para uma nova fase da sua vida:
III. COLHENDO O QUE PLANTOU (14-16)
Acabou-se o dinheiro do rapaz e ele começa a passar necessidades extremas. Então a solução foi procurar um emprego para poder sobreviver. Procurou, mas naquele país estrangeiro ele só servia para tomar conta de porcos. Este foi o emprego que conseguiu: Gerente de Chiqueiro. O prêmio da liberdade sem responsabilidade, sem parâmetros, sem limites pré-estabelecidos foi este: cuidar de porcos.
Diz-nos o texto (v. 16) que ele desejava comer a comida dos porcos, mas até isto lhe era negado. No país dos seus sonhos até os porcos tinham mais direito que ele. Tinha menor valor que um animal. Seu sonho foi por água abaixo e ele chegou no fundo do posso. Perdeu o orgulho próprio, a dignidade e tudo mais. Estava acabado!
É nessa situação que bem lá no fundo da sua mente “brilhou” uma luz, e assim o nosso querido jovem toma sua segunda atitude radical.
IV. TOMANDO UMA SÁBIA DECISÃO (17-21)
Jesus nos conta que, ao constatar sua terrível situação, aquele jovem deu o que poderíamos chamar de três passos importantes:
- Primeiro – Caiu em Si (17). Ou seja, avaliou a sua situação e chegou a seguinte conclusão: “lá em casa até os trabalhadores têm comida de sobra e eu estou aqui morrendo de fome.” Ele viu que mesmo como um empregado na casa do seu pai ele estaria em melhor situação. Então ele deu o segundo passo.
- Segundo – Decidiu se Humilhar (18,19). Aquele que rompeu com os laços familiares e, orgulhoso, partiu cheio de sonhos; agora decide voltar e se humilhar. Decide que nem mesmo merece o lugar de filho. Não será mais dono, será apenas um empregado, um serviçal, um assalariado. Até aqui este jovem não fez nada de concreto. Tudo está no plano do abstrato. Não passa de um projeto que exigirá muita coragem e muita humildade, para ser posto em prática, para tomar forma, para se concretizar, para tornar-se realidade. Então o rapaz deu o terceiro passo.
- Terceiro – Colocou Seu Plano em Ação (20-21).
Diz-nos Jesus: “E, levantando-se, foi para seu pai”. Ação pura! Levantou, saiu do lugar, se mexeu, agiu. LEVANTOU-SE E FOI. Foi para casa disposto a reconhecer o seu erro. De fato, chegando lá foi o que fez, confessou seu erro. O propósito feito demandava ação. Não adianta nada só fazer planos. Não importa ser um, dez, cem ou mil, se não houver ação serão nada.
Agora quero falar com você, quero te fazer uma pergunta. Pare e preste muita atenção: Quantas vezes você já olhou para a vida que leva e viu que precisa mudar? Quantas vezes você já caiu em si e fez planos para retornar a casa do Pai? Uma, dez? Pense bem.
Toda esta história me faz lembrar outro filho ingrato. Bem no começo da história da humanidade houve uma situação parecida. Quero fazer um parêntese e trazê-la a nossa mente.
Diz a Bíblia que Deus fez um lindo jardim e nele colocou os nossos pais, Adão e Eva. Ali eles tinham tudo que necessitavam e ainda desfrutavam a companhia de Deus que todas as tardes vinha conversar com eles. Uma beleza! Uma casa e um Pai maravilhoso que cuidava de todas as suas necessidades.
Um belo dia Satanás conseguiu lançar a insatisfação no coração do casal. O fez pensar na possibilidade de serem donos de si. Nada mais de prestar contas ao Pai, poderiam fazer o que quisessem. Ele os convenceu a comer uma determinada fruta que lhes daria ciência do bem e do mal. Assim eles desobedeceram ao pedido explicito de Deus para que não comessem daquela fruta e passaram, eles e sua descendência, a ser pecadores.
Foram expulsos do jardim e não podiam mais desfrutar a companhia do Pai. Saíram de casa e a sua tão almejada liberdade os levou a situações das mais terríveis.
Mas se você pensa, como alguns dizem, que Deus “criou todo este caso” por causa de uma fruta, quero lhe dizer algo. O problema não foi tanto a fruta, e sim a atitude por traz do ato. A intenção era ser igual a Deus (Gn 3:5), ter o conhecimento que Deus tem. Foi este o pecado dos nossos pais, quiseram usurpar o lugar de Deus, ocupar o lugar do Criador. Este também tem sido o pecado de toda a humanidade. Todos querem ser o seu próprio deus.
Não preciso me esforçar muito para provar que há algo errado com o mundo. É só abrir os jornais que vemos isto. É só olharmos para nós mesmos que notamos que há algo errado conosco. Foi nesta situação que a busca pela liberdade nos levou. Liberdade sem Deus leva a escravidão nas suas mais variadas formas. QUAL É A SUA ESCRAVIDÃO? Muitos ainda estão longe de Deus, alienados da sua graça.
Voltemos a história que Jesus contou, nos deixamos o jovem indo para casa. Talvez ele tenha pensado qual seria a reação do seu pai. Será que ele o aceitaria de volta?
V. PERDÃO E RESTAURAÇÃO TOTAL (22-24)
Aquele jovem não mediu esforços. Fico pensando no texto que diz que ele havia ido para um lugar distante (v.13). Como voltar para casa? Longe de casa, sem amigos, sem dinheiro… realmente a volta não seria nada fácil. Suponho que ele tenha feito o caminho de volta a pé. Mas o esforço foi recompensado. Pois ele não desistiu no meio do caminho. Foi até o fim!
Ao ver seu filho vindo pelo caminho o pai correu e o recebeu com abraços e beijos. Ouviu a confissão do filho que nem mesmo pode acabá-la. Chamou os servos e deu ordens para que trouxessem roupas, calçado e um anel. A seguir mandou matar um boi para fazer um churrasco para festejar o retorno do filho para casa. O jovem foi restaurado ao lugar de filho. Agora recebera de volta o que na sua rebeldia havia desprezado. A melhor roupa e o anel eram um sinal de posição. Na sua condição de mendigo o filho andava descalço. Isso era uma condição dos escravos. A sandália indicaria que ele era um homem livre. O novilho cevado era um animal cuidadosamente tratado e separado para uma ocasião muito especial. Ele recebe o seu filho como alguém muito querido que houvesse morrido e que agora ressucitara.
Assim termina a história desse jovem aventureiro, que dessa vez teve um final feliz. Contudo faz bem lembrar que nem sempre é assim.
VI. APLICAÇÃO
Para encerrar gostaria de tentar aplicar a nós o que acabamos de ver. Quero me dirigir a você que é filho. Será que você também não está na situação que aquele jovem esteve. Você é filho e, quem sabe, até mesmo já foi ativo na casa do Pai. Já desfrutou da Sua gostosa companhia, experimentou sua bondade, mas um dia também resolveu “sair de casa” e se afastou do Pai. Decidiu ser livre. Agora está espiritualmente arruinado, a vida tornou-se uma roda viva que conduz a sua alma por caminhos espinhosos. Talvez você já tenha caído em si e até feito planos para voltar ao lar paterno, só que, ao contrário do jovem, nunca tomou uma atitude.
Hoje é o dia para você receber o abraço do Pai Celeste que durante todo este tempo está a esperar que você volte. Não perca mais tempo, chega de viver esta vida medíocre. Lembre-se que quanto mais longe você for, tanto mais difícil será o retorno. Quanto mais tempo passar, tanto mais você se enredará em dificuldades que o atrapalharão a voltar.
Agora gostaria de me dirigir a você que nunca entregou a sua vida ao Senhor Jesus. Você que ainda está vivendo longe de Deus. Quando a humanidade decidiu viver independente de Deus Ele respeitou esta decisão. Mas para os que chegam a conclusão que a vida sem Deus os leva a um chiqueiro existencial, Ele preparou um caminho de volta.
Diz-nos a sua Palavra que Ele enviou o seu próprio Filho para nos conduzir de volta a Ele. Jesus mesmo se apresentou como O Caminho, A Verdade e A vida (Jo 14:6). Quer deixar de ser um rebelde e receber o perdão do Pai Eterno? Reconheça sua rebeldia, confesse que até hoje tem vivido independente de dEle mas que quer mudar.
Hoje Jesus pode te dar uma vida nova, vida diferente, vida espiritual, vida abundante. Saia deste chiqueiro existencial, você foi feito para viver no céu, para viver com Deus. Foi para isso que Jesus morreu na cruz, lá Ele pagou a nossa dívida. Através de Cristo você pode voltar a viver com e para Deus. Entregue-se Agora mesmo ao Senhor Jesus.
Assim como houve alegria nas parábolas da ovelha e da moeda perdida, Jesus afirma que também no céu há alegria quando alguém se arrepende e se volta para Deus (Lc 15:7,10). Chega de perder tempo, venha para Deus hoje! Ele te espera.
Jabesmar A. Guimarães