InícioEVANGELISMOO Chamado e a Expansão Missionária

O Chamado e a Expansão Missionária

INTRODUÇÃO

O propósito deste artigo é mostrar a urgente necessidade de cumprimos a Grande Comissão. Jesus mandou pregar o Evangelho em todo o mundo a todos os povos (etnias). Esta ordem tem sido cumprida somente em parte e após quase 2000 anos ainda não foi pregado o evangelho a todos os povos.

Vejamos alguns pontos que podem nos ajudar a entender e cumprir a grande comissão. Antes, porém, leiamos Mateus 28:18-20.

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século”.

I. CARACTERÍSTICAS DO CHAMADO MISSIONÁRIO

Todo aquele que chama a alguém para cumprir uma missão tem que ter autoridade. Nosso país pode nos convocar para uma guerra. Há pessoas com autoridade suficiente para nos enviar ao campo de batalha. E nós temos que ir.

Jesus diz que tem toda a autoridade no céu e na terra. Baseado nesta autoridade Ele dá uma ordem bem clara: “Ide e fazei discípulos de todas as nações” (etnias). Ele não deixa opção de ir ou não ir. Ele não diz: “Olha, estou subindo para o Pai e gostaria de saber, isto é, se não for pedir muito, se vocês podem sair por todo o mundo e pregar o Evangelho a todos os povos”. É assim que muitos cristãos têm entendido, mas a Grande Comissão não é um pedido, é uma ordem; e a ordem é IDE! Não cumprir esta ordem implica em clara desobediência ao Senhor Jesus.

A segunda característica diz respeito à abrangência do IDE. Temos que alcançar todos os grupos étnicos (eqnos è traduzido por nações, povos e também gentios). Nossa concepção de nações se prende a divisão política que vemos nos mapas. Porém a idéia da palavra no grego é a de etnias, ou seja, todos os grupos de povos que têm sua própria língua, costumes e cultura. No Brasil, por exemplo, temos vários grupos étnicos. São vários povos tribais (chamados de índios) com suas próprias línguas e costumes, a ponto de um não poder se comunicar com os outros. Um país, vários povos! Este é o significado de nações. É dentre estes povos que devemos fazer discípulos do Senhor Jesus.

Em último lugar, temos que batizar os que vierem a crer (em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo) e ensiná-los a guardar tudo aquilo que Deus nos revelou em sua Palavra. Não podemos gerar filhos espirituais e abandoná-los a própria sorte! Também é nosso dever ensiná-los a caminhar com o Senhor Jesus. Devemos levá-los rumo a maturidade espiritual. A isto se chama discipulado integral. Passemos ao outro ponto.

II. QUEM É CHAMADO?

Tendo visto para o que Jesus chamou, ou seja, qual é o serviço para o qual Ele chamou; vejamos a quem Ele chamou.

Temos a tendência de passar aos outros a nossa responsabilidade. Por exemplo: se uma pregação é bem objetiva em apontar erros, logo pensamos: “O irmão João precisava estar aqui para ouvir isto”. Às vezes relutamos em aplicar as verdades bíblicas a nós mesmos.

Creio firmemente que a Grande Comissão é para a Igreja de Cristo. A Igreja é chamada, convocada, designada e requerida a pregar o Evangelho em todas as nações. Contudo, falar da Igreja Universal como a responsável, apesar de ser verdade, é muito genérico. Gostaria que caminhássemos para algo mais pessoal. A Igreja Universal é composta por todos os salvos de todos os tempos. A Igreja Militante é composta por todos os salvos vivos. Esta igreja, por sua vez, é representada por várias igrejas locais em vários lugares do mundo. Estas assembléias locais são o ajuntamento de um determinado grupo de cristãos que se reúnem regularmente para adorar e servir ao Senhor. Eu e você, assim espero, estamos ligados a uma destas igrejas locais. É sob a supervisão da igreja local, que nosso serviço ao Senhor toma corpo, é ali que exercitamos nosso dom espiritual.

Olhando assim, a responsabilidade deixa de ser genérica e vai, por assim dizer, chegando mais perto de nós. Como eu faço parte da igreja então o ide é para mim. Em Mt 28:18-20; Mc 16:15,16; Lc 24:44-47 e At 1:8 Jesus está se dirigindo a nós, a mim e a você. A responsabilidade é de cada um de nós. Todos somos chamados a um profundo e sério envolvimento com a obra missionária. Como e onde Deus nos mostra a medida que levamos a sério o nosso chamado. Isto nos leva ao terceiro ponto.

III. A IGREJA LOCAL E A EXPANSÃO MISSIONÁRIA

Qual é o campo de atuação de uma igreja local? Seu bairro, sua cidade, seu estado, seu país? Creio que a resposta está em Atos 1:8. A ordem é para testemunhar “…tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. Tanto como, ou tanto quanto, transmite a idéia de simultaneidade. É aqui e lá ao mesmo tempo. Esta é a abrangência da atuação missionária de uma igreja.

Alguns ensinam que é 1º em Jerusalém, 2º Judéia, 3º Samaria e por último aos confins da terra. Não é isto que a Bíblia nos ensina. A idéia de tanto quanto é aqui e lá ao mesmo tempo. Creio que a confusão é causada por um entendimento errado de Lucas 24:47 onde Jesus diz que a pregação do Evangelho começaria em Jerusalém e se estenderia ao mundo. Ora tinha que começar em algum lugar! E o lugar escolhido foi Jerusalém onde o Espírito Santo desceu e onde houve a primeira pregação com a conversão de quase 3.000 pessoas. Contudo, o mandamento é para pregar aqui e lá simultaneamente. Na minha cidade sim, mas também nos confins da terra.

Alguém pode perguntar: “como é possível uma igreja local fazer isto?” A resposta está na Bíblia, onde lemos sobre uma igreja local que atuava na sua cidade mas também nos confins da terra. Refiro-me a igreja em Antioquia (At 13). Deus levantou dois missionários naquela igreja e ela os colocou à disposição da obra missionária. Paulo e Barnabé foram, por assim dizer, os braços que aquela igreja estendeu até os confins da terra! Há registros de uma presença muito grande daquela igreja na sua cidade. Só para ter uma idéia, eles tinham alistadas cerca de 3.000 viúvas para as quais davam assistência. Era uma igreja que compreendeu o tanto quanto. Não foi preciso sair toda a igreja, mas Deus chamou membros da igreja para pregar a outras etnias, outros povos nos confins da terra. Boa parte do livro de Atos é ocupado para contar a história do alcance missionário daquela igreja.

Uma igreja local, missionários chamados por Deus, a igreja apoiando (imposição de mãos), missionários indo ao campo, pregando o evangelho, quatro novas igrejas plantadas (Antioquia, Icônio, Listra e Derbe), missionários voltando a igreja para prestar contas (At 14:26-28), uma história fantástica! Este é o modelo bíblico para a realização da obra missionária. Toda a igreja envolvida no alcance aos perdidos. Igreja que atua aqui e lá ao mesmo tempo.

IV. A NECESSIDADE DA EXPANSÃO MISSIONÁRIA “ATÉ AOS CONFINS DA TERRA”

A população mundial atingiu a marca de 6 bilhões de almas. É muita gente! Poucas vezes paramos para pensar na situação espiritual destas pessoas. Qual será a realidade do mundo em relação ao alcance missionário? Onde se concentra a maior parte destas pessoas? Quantas já ouviram sobre Jesus? Elas têm acesso a Bíblia?

Tentarei responder estas perguntas apresentando algumas estatísticas e apelando para alguns textos bíblicos.

Olhemos para o número de pessoas que habitam o planeta e sua situação em relação ao Evangelho de Jesus Cristo. O que as estatísticas dizem a respeito delas?

Podemos dividir os 6 bilhões de habitantes em 3 classes de pessoas:

  • Nunca ouviram falar de Jesus (1.200.000.000);
  • Já ouviram algo a respeito de Jesus – não se consideram cristãos (2.800.000.000);
  • Cristãos – incluindo os cristãos nominais (2.000.000.000).

A situação mundial em relação à Bíblia é a seguinte:

No Mundo são faladas 6.528 línguas.

  • 4% destas línguas têm a toda a Bíblia traduzida (apenas);
  • 10% só têm o Novo Testamento;
  • 19% só têm trechos das Escrituras;
  • 62% não têm nada;
  • 05% são línguas quase extintas.

Obs.: dados da Sociedade Interacional de Lingüística (SIL)

Este é o triste quadro que se nos apresenta no início deste terceiro milênio e temos que concordar com o nosso querido Senhor Jesus. A Seara é grande!

A Bíblia é clara ao afirmar que “todos pecaram” (Rm 3:23) e nisto não há exceção. Todos os nascidos da união de um homem e de uma mulher (isto exclui o Senhor Jesus Cristo) estão na condição de pecadores caídos e em total rebeldia contra Deus. Quando Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, diz que todos pecaram, estão incluídos pretos, brancos, amarelos, vermelhos etc. Logo, para Deus estão todos mortos nos seus delitos e pecados (Ef 2:1,5) e, portanto, perdidos eternamente. Esta é a condição de todos aqueles que ainda não se renderam a Jesus; quer tenham ou não ouvido! O homem não é pecador porque peca, mas peca por já ter nascido pecador (Sl 51:5). Deus já havia revelado a Salomão esta verdade. Ele diz: “Não há homem justo sobre a terra, que faça o bem e que não peque” (Ec 7:20).

Querendo mostrar a condição espiritual de todos os seres humanos, Paulo escreveu: “Como está escrito: Não há um justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, a uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca eles a têm cheia de maldição e de amargura; são o seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos há destruição e miséria; desconhecem o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos” (Rm 3: 10-18 – grifo próprio).

Esta é a terrível, mas real, situação da humanidade sem Cristo. Esta citação que Paulo faz do Antigo Testamento nos mostra que todos, sem exceção, são pecadores e, portanto, injustos. “…pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo do pecado” (Rm 3:9).

Todo os homens sem Cristo passarão por julgamento e já estão em estado de condenação eterna (Jo 3:18). Lemos isto em Romanos 2:11-16: “Porque para com Deus não há acepção de pessoas. Assim todos os que pecaram sem lei, também sem lei perecerão; e todos que com lei pecaram, mediante lei serão julgados. Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Quando pois os gentios que não tem lei, procedem por natureza de acordo com a lei, servem eles de lei para si mesmos. Estes mostram a norma da lei gravada nos seus corações, testemunhando-lhes também a consciência, e os seus pensamentos mutuamente acusando-se ou defendendo-se; no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, em conformidade com o meu evangelho” (grifo próprio).

Aquele que ouviu de Jesus será julgado levando em conta a oportunidade que teve e desprezou. Aqueles que nunca ouviram serão julgados, tendo a seu favor o fato de não terem ouvido. Contudo, segundo o texto, perecerão (Rm 2:12).

Como hoje, na época de Paulo havia muitos povos sem a presença do testemunho do evangelho de Jesus Cristo. Paulo sabia que a única solução para eles estava na bendita pessoa de Jesus Cristo e sua obra salvadora. Ele escreve em Romanos 10:9, 10, 13: “Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para a justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação. …Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor, será salvo.” Mas Paulo não pára aqui e começa a fazer uma série de perguntas que nos colocam contra a parede.

Continua ele: “Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem nada ouviram? e como ouvirão se não há quem pregue? e como pregarão se não forem enviados? …Assim, a fé vem pelo ouvir e ouvir da palavra de Cristo” (Rm 10:14, 15a, *17 – grifo próprio).

A resposta às perguntas do apóstolo é uma só: É impossível! É impossível invocar aquele em quem não creram. É impossível crerem em Jesus se não ouviram nada a seu respeito. É impossível que ouçam o evangelho se ninguém for lhes falar. A não ser que as igrejas enviem missionários para levar-lhes as boas novas que Jesus veio ao mundo e efetuou a obra da salvação, continuarão ignorando tão grande bênção.

Fica claro então, que é impossível ao homem chegar ao conhecimento de Jesus sem que alguém lhe fale acerca disto. “E como pregarão se não forem enviados?” É papel da igreja providenciar treinamento, envio de missionários até estes povos e preocupar-se com o sustento do missionário no campo (cf. At 13:1-3). A não ser que alguém lhes seja enviado, eles nunca ouvirão da salvação que só há na pessoa do Senhor Jesus.

Pedro afirma: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4:12). Em I Timóteo lemos: “Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (ver também: At 5:31; 13:23; Fp 3:20; ITm 1:10: Tt 1:4, 2:13, 3:6; IIPe 1:1, 2:20, 3:18; IJo 4:14; Jd 25). Se não lhes falarmos acerca deste único salvador, continuarão nas suas práticas abomináveis (religiosidade, animismo, idolatrias, feitiçarias, satanismo etc.) permanecendo em estado de condenação eterna.

É por isso que temos que ir até os confins da terra. Pessoas estão morrendo e se perdendo eternamente sem nenhuma esperança. Bilhões de almas que nunca ouviram nada! Nós somos os únicos que podemos levar-lhes a Palavra da salvação, não há outros seres com esta responsabilidade. Ou somos nós ou eles não terão chance alguma de se salvar!

J. Osvald Smith disse: “que direito tenho eu de ouvir esta boa nova, duas vezes, enquanto grande parte do mundo nunca as ouviu?” Nunca salvaremos todos os habitantes da nossa cidade, mas eles já ouviram, já tiveram pelo menos uma chance. Têm varias oportunidades de ouvir e ler sobre o Evangelho. No rádio, na televisão, na literatura etc. Contudo, eles desprezam as oportunidades. Porém, há aqueles que simplesmente não sabem nada sobre Jesus e mesmo que quisessem não poderiam ouvir. Isto se dá pelo simples fato de que ainda não há ninguém para lhes falar.

V. CONCLUSÃO

Gostaria de encerrar citando Romanos 15:20,21: “Esforçando-me deste modo para pregar o evangelho, não onde Cristo já fora anunciado, para não edificar sobre fundamento alheio; antes, com está escrito: Hão de vê-lo aqueles que não tiveram notícia dele, e compreendê-lo os que nada tinham ouvido a seu respeito” (grifo próprio).

Este foi o principal objetivo da vida de Paulo: anunciar Cristo àqueles que nunca tinham ouvido a Seu respeito. Creio que este também deve ser nosso propósito no presente século. Devemos somar forças para alcançar tais povos. Cada liderança deve levar sua igreja local a buscar a Deus no desejo de saber como Ele a quer usar neste grande empreendimento espiritual (digo liderança porque, normalmente, a igreja é um reflexo daqueles que a lideram). E pode estar certo de uma coisa querido irmão: Deus quer usar a sua igreja local neste ministério!

Amém!

Jabesmar A. Guimarães

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